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CB31- De cabeça para baixo (Uma resposta)

 

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Dra. JANICE CARON NAZARETH

 Presidente do CoBi do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

 

Resposta ao e.mail constante do post 460- De cabeça para baixo

 

Prezado colega,

Ao ler seu depoimento, não poderia deixar de entender suas angústias e dúvidas, assim como de manifestar algumas considerações, que julgo importantes para que a Bioética possa ser entendida como arma auxiliar de imenso valor na prática médica, seja ela à beira do leito, no consultório, no campo, em voos, em estradas, nas ruas, em salas de exames complementares ou, mesmo, no uso do teclado. Além disso, ao fim, farei menção ao próprio Dr. Max, a quem se dirigiu na sua crítica, pois convivi com ele desde meus tempos de residência, também de ponta e, talvez, possa contribuir para seu julgamento.

Em primeiro lugar, quero dizer que, para os que transitam na Bioética, a prática dela é, justamente, permitir que todos possam discutir suas ideias de maneira democrática, com o intuito de humanizar, facilitar e pacificar as relações entre todas as partes envolvidas no atendimento: paciente, familiares, profissionais, estado e fontes pagadoras, dada a sua enorme complexidade, como muito bem citado pelo colega, durante suas ponderações, onde “pacientes não costumam ser modelos de obediência rígida ao que recomendamos, os recursos financeiros, humanos e de infraestrutura não são infinitos”, enfim, “a imperfeição domina independente da nossa vontade”.

Em nenhum momento, a Bioética pretende tutelar, normatizar ou exigir obediência a regras, já que, por sua própria formação e preceitos, ela é reflexiva, educativa,  consultiva e conciliadora, jamais normativa ou impositiva. Pelo contrário, propõe reflexões, quando surgirem conflitos, justamente para que se entendam e convirjam as diferenças tecnológicas, culturais, religiosas e socioeconômicas, que fazem de cada caso um caso único. Além disso, tem a enorme vantagem de ser transdisciplinar e horizontal, sem nenhuma pretensão de se postar “de cima para baixo”, ensinando a rever os problemas com a devida humildade, sob ângulos diversos das várias questões, até para que, eventualmente, também se delineiem ações preventivas de conflitos nas instituições.

Desse modo, digo: tomara que todos os colegas possam, sempre que quiserem, contar com esse apoio, quando, na sua prática, se depararem com situações inusitadas e complexas, onde esses olhares diversos poderão trazer endosso para uma solução tomada ou sugerir um caminho dantes não imaginado. Tenho certeza de que, se a entender melhor, também ficará apaixonado!

Por último, quero fazer, como disse acima, menção especial ao Prof. Dr. Max.

O mesmo foi meu mestre desde a residência, quando chefe do grupo de Valvopatias no INCOR. Nesse período, de grande aprendizado, no qual, como o colega, já chorava, sofria e ria com meus pacientes, tive muita dificuldade no convívio com a maioria dos mestres, inclusive ele, pois também sentia na pele as dificuldades dos meus doentinhos e entendia cada um como um ser especial, enquanto eram discutidos como “casos”. Naquela época, que já vai distante, muito antes dos atuais e questionáveis protocolos e diretrizes, reinavam as condutas “absolutas”, definidas por números cabalísticos estipulados a cada ano. Pois afirmo, caro colega, que o tempo ou a Bioética, mudaram aquele que ora conduz este blog: há tempos, tive a felicidade de descobrir um lado muito mais humano, humilde e realmente preocupado em melhorar a atuação médica, permitindo aos colegas maior segurança e conforto nas suas decisões, e a pacientes e seus familiares mais humanização e individualidade no seu tratamento, através da Bioética, pela qual tem tanto apreço e, talvez por isso, no seu entusiasmo, o tenha feito entender que a vê com obrigatoriedade normativa. Não, tenho certeza de que ele, apenas, gostaria que todos dela usufruíssem!

Para seu conhecimento, e de todos que acessarem esse blog, deixo a figura chave, com a qual o Dr. Max deixa clara a ideia, na qual a Bioética prima pelo compartilhamento e conciliação de ideias:

Pentagonodabeiradoleito (111)

Enfim, sugiro ao colega que não use “conversa de corredor”, mas o convide, ou a outro profissional que atue em Bioética (coloco-me à disposição, deixando meu email para contato: gericlin@terra.com.br), para que, em conversa tranquila, possa entender, para, depois, se beneficiar do uso da Bioética, apenas se assim o desejar, pois percebo que tem qualidades imprescindíveis para praticá-la: preocupação com a profissão e seus pacientes, reflexão e perseverança!

 

 

 

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