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1504- Bioética da Beira do leito atenta ao futuro (Parte 2)

Jahr e Potter pensaram em Bioética como instrumento para enfrentamento de um conjunto de situações complexas para o ser humano frente ao avanço da tecnologia. Jahr pensou de uma maneira ampla quando formulou o imperativo bioético: “respeita todo ser vivo essencialmente como um fim em si mesmo e trata-o, se possível, como tal”, que pode ser presumido como uma extensão  do Imperativo categórico de Immanuel Kant (1724-1804) para todas as formas de vida. Potter raciocinou também numa forma ampla quando construiu a metáfora da ponte para o futuro para a Bioética e considerou um efeito global.

Desde os primórdios, jamais se pretendeu da Bioética um exercício do biopoder, referente a um conjunto de técnicas de poder que incide sobre o corpo dos indivíduos (disciplina) e sobre o corpo coletivo da população (biopolítica), segundo o conceito de Michel Foucault (1926-1984). A Bioética é atenta ao que acontece, percebe que o que impacta em um pode impactar em todos e, assim, tem um DNA de legitimidade expansiva e inclusiva para o desenvolvimento de estratégias com feedback eficiente em inúmeras circunstâncias onde a vulnerabilidade é habitual fator interveniente.  

A Bioética da Beira do leito, clínica, prática e contemporânea, é e não é paternalista. Ela não admite o paternalismo coercitivo, ela valoriza o chamado paternalismo brando que procura harmonizar sem imposição, não cala nenhuma voz ativa, mas faz com que quem fala, quer no campo da assistência, quer no campo da pesquisa, ouça que há outras formas de pensar, que saiba que há prós e contras em cada intenção, inclusive determinados por princípios e normas.

Ademais, a Bioética da Beira do leito reconhece que os confrontos que ocorrem na beira do leito costumam resultar motivados por fortes fundamentações em nível sistêmico e coletivo na sociedade. É razão para o permanente compromisso da Bioética da Beira do leito com a abrangência e a profundidade nas considerações apreciativas.

A reivindicação do paciente por um método entendido como não aplicável pelo médico, o não consentimento pelo paciente a uma recomendação médica perfeitamente inserida no estado da arte e altamente influenciadora do prognóstico clínico, a exigência do paciente por um atestado em conflito com a ética profissional têm, cada vez mais, raízes afastadas da beira do leito e próximas da disponibilidade de emissão e de captação de informações e pensamentos proporcionados pela internet.

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