PUBLICAÇÕES DESDE 2014

HM2-Males da natureza, bens pelo homem

Uma resolução histórica para a Medicina no estado de São Paulo, com significado na Bioética. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP)  publicou a Resolução 268/2014, de 9 de outubro de 2014, que regulamenta o uso do canabidiol nas epilepsias mioclônicas graves do lactente e da infância, refratárias aos tratamentos convencionais (http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=NoticiasC&id=3404).

O fato traz à memória aspectos históricos da Farmacologia de ligação de medicamentos a substâncias venenosas, este adjetivo aqui utilizado num sentido bem amplo.

Da linda papoula extrái-se o terrível ópio que contém uma substância que ingerida leva para os braços de Morfeu, a morfina, bem como concentrações de codeína e de papaverina. Morfina, codeína e papaverina são apresentadas em  ampolas, comprimidos, gotas à disposição da prescrição  ética, um benefício que a Natureza proveu para o homem, que soube dar-lhes forma farmacêutica.

Quem vai a Cuzco e a Machu Picchu, a cidade perdida dos incas, masca folha de coca, toma chá de coca, chupa bala de coca. Penso que não deve causar conflito de interesse mesmo para o turista agente de órgão de repressão ao uso de drogas ilícitas. A altitude e a falta de número adequado de glóbulos vermelhos  endossam a intenção momentânea.

A vaidade das mulheres está ligada à designação da Atropa belladona, uma planta altamente venenosa, se mascada a sua folha. Ela contém a atropina e a escopolamina.  Gotas nos olhos provocam a midríase desejada pelo sexo feminino.

Outra substância que agrada às mulheres é a toxina do Clostridium botulinum, que se por um lado provoca ainda mortes pela intoxicação alimentar, por outro, numa preparação validada, dá muita vida pelos efeitos estéticos faciais.

Na floresta não, no campo sim. Ninguém deseja ser flechado e inoculado com o veneno curare numa selva hostil, mas cirurgiões quando no campo cirúrgico aguardam o anestesista inocular curare em certos  pacientes.

Uma cobra! é do mal, um cobra! é do bem. Um cobra brasileiro chamado Sergio Henrique Ferreira (nascido em 1934) ao descobrir um fator  de potenciação da  bradicinina (http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/5-1/ahh.pdf) transformou o veneno da jararaca num bem. O captopril que tem larga indicação em doenças cardiovasculares resultou fruto deste conhecimento.

Se veneno ou droga ilícita tivesse bula, em muitas, o capítulo reações adversas poderia ser invertido  para ações benéficas.

 

Recordemos Mahatma Gandhi (1869-1948): “…Diferenças honestas são sinais frequentes de progresso…”.

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