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938- Utilidade e útil (Parte 1)

LetrasBioamigo, a beira do leito contemporânea é privilegiada pela predisposição à interlocução, o que reforça a força comunicativa da voz humana na atenção às necessidades de saúde. As expressões vocais de profissionais da saúde, pacientes e circunstantes enunciam saberes, expõem o íntimo, dão calor às palavras e marcam a presença. O homo loquens  ganhou espaço na beira do leito no decorrer da segunda metade do século XX.

O bioamigo há de concordar que a atenção profissional expressa na  pintura 34EBD735-A6AC-41E2-A884-8D7FB186BB10The Doctor (1891) de Samuel Luke Fildes (1844-1927) seria exposta atualmente de maneira bem mais eloquente.

Embora nada a ver com a estátua Túmulo do Papa Júlio II: Moisés (escultura - detalhe)de Moisés, há cerca de 50 anos, quando me diplomei, cabia repetir Fala! dito por Michelangelo (1475-1564) para a beira do leito. Desde então, testemunhei que a beira do leito foi ganhando energia, vibração e ressonância sonoras, especialmente pelo intuito da humanização. A percepção da necessidade de expansão da comunicação envolveu a Bioética e, assim, ela se tornou um vigoroso polo de contribuição para a difusão da palavra falada na conexão profissional da saúde-paciente/familiar e persiste catalisadora de esforços para preservação e expansão.

O estímulo à comunicação muito além da anamnese tornou-se compromisso profissional da beira do leito. Eu falo, você ouve, nós dialogamos, eles exigem é conjunto de comportamentos ligados à linguagem que soa ético, moral e legal no ecossistema da beira do leito contemporânea, aquele bioamigo que aloca nossa rotina profissional.

A voz ativa do paciente adquiriu condição de expoente da beira do leito contemporânea. Qualquer mudez não deve passar de um momento. Decorre de um movimento de antidominação profissional motivado por terríveis abusos e alinha-se a um desvio da última etapa da decisão de aplicar, do instruído profissional da saúde para o leigo paciente.

No Brasil, é uma guinada histórica em relação ao Preceito 7º do capítulo 12 do nosso primeiro instrumento de regulação da beira do leito, um importado Código de Moral Médica (1929): Os enfermos não devem fatigar o médico com narrações de circunstâncias e fatos não relacionados com a afecção. Portanto, neste ponto, limitar-se-ão a responder em termos precisos às perguntas que se lhe dirijam, sem estender-se em explicações ou comentários que, longe de ilustrar, tendem mais a obscurecer a opinião do médico. Em tempo, não se criou um manual de comportamento para ser bom paciente, a figura do médico impunha o acanhamento.

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