18 de outubro
Dia do médico
Hipócrates (460ac-370ac) é o Pai da Medicina, Avicena (980-1037) é o Príncipe dos médicos e Lucas (século I) é o Patrono dos médicos.
O dia 18 de outubro tornou-se o dia dos médicos em homenagem a Lucas- dia de São Lucas. É curioso que a homenagem data do século XV, portanto, antes da descoberta do Brasil e a nossa adoção teve a influência de Portugal- nem todos países comemoram na mesma data. Nos Estados Unidos da América, o National Doctors’ Day é 30 de março e homenageia o primeiro uso bem sucedido de éter como anestésico geral numa cirurgia realizada no pescoço de um paciente (1842, na cidade de Jefferson, Georgia).
O Dia do médico inspira muitas homenagens, cada um tem suas motivações. Eu, particularmente, desejo mostrar meu respeito aos colegas que têm cuidado de mim, aos meus familiares médicos distribuídos em quatro gerações e a um mestre da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entendendo que ao me recordar dele, reverencio todos os médicos que contribuíram para a minha formação profissional.
Este professor da faculdade vira e mexe soltava umas orientações à margem da matéria curricular. Somente após alguns anos de formado percebi o valor prático das mesmas. Interessante como elas ficaram gravadas, a influência de um mestre que queria ensinar e sabia conduzir o aprendizado.
Na sua intenção de nos mostrar como vir a ser médico, ele enfatizava que o bom médico aplica periodicamente o óleo da empatia nos mecanismos mantenedores da relação médico-paciente. Na ocasião, soava mais um jogo de palavras, mas, a sabedoria da experiência é cola que faz grudar. Ficou a dica. Fui compreendê-la, de fato, quando me envolvi com decisões inquietantes em UTI, no início da década de 70, uma beira do leito que surgia no Brasil. Além de lidar com exames e medicamentos com maior complexidade, era preciso desdobrar-me para reduzir atritos e desgastes!
A dica do mestre de alguma forma contribuiu para que o inexperiente médico que era, focado em situações de alta gravidade clínica, instado a aplicar heterônimamente métodos destacados que só naquele ambiente era possível, percebesse o valor da comunicação com o paciente/a família, que ela precisava representar uma verdadeira reação entre compostos químicos, ou seja, deveria provocar uma transformação entre os interlocutores.
Pacientes e familiares tinham que ser esclarecidos e ouvidos e eu tinha que compreender em serviço como funcionavam as engrenagens. Fui percebendo dia após dia a relevância da ação de catálise da boa lubrificação interativa pela empatia.
Obrigado Mario Giorgio Marrano (1920-2013)! Neste 18 de outubro, um seu discípulo reconhece-o como o grande mestre que perpetuou ensinamentos essenciais.
