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463- Apertem os cintos que a beira do leito se avizinha de turbulência

Os conflitos da beira do leito estão mais frequentes e exigentes da sensibilidade do médico para reconhecer indícios preliminares menos evidentes. Vale dizer, a conscientização sobre o potencial de ocorrência e o treinamento para lidar com suas expressões polimorfas.

Mais informação disponível, mais empoderamento da cidadania, mais progresso tecnocientífico   beneficente/danoso requerem o olhar atento do médico além do proporcionado pelas lentes ingênuas da Medicina a respeito das potencialidades reativas da condição humana.

Como já frisamos em posts prévios, a eminência do rigor científico não basta na beira do leito, a contemporaneidade requer do médico atitudes de abertura para o desconhecido e o imprevisível e de tolerância a opiniões divergentes.  O diálogo, o esclarecimento interessado, a comunicação compassiva tornaram-se fundamentais para a manutenção de um clima de harmonia entre pensamentos nômades do tipo bate-volta sobre ideal, possível e realidade que se apresenta.

Acontece que, não infrequente, o médico se vê diante de um escancaramento de comportamentos imprevisíveis, depara-se com intolerâncias difíceis de tolerar, situações que provocam abalos sobre a formatação da conduta fundamentada no rigor tecnocientífico que se espera pela aplicação da prudência, zelo e perícia. Paciente, familiar, colega, gestor, circunstante ocasional dispõem-se como geradores de inquietações na beira do leito que, não somente não estão prenunciadas nos textos científicos, como também ultrapassam os limites da aceitação corriqueira.

É comum que conflitos que excedem o razoável tenham primórdios não captados pelo médico, manifestações sorrateiras da linguagem falada ou da linguagem corporal que não são decodificadas como matérias primas que estão sendo postas dentro do caldeirão de conflito sobre fogo mais ou menos brando, indícios de ameaças que fogem ao médico com a percepção voltada para a atenção ao atendimento às necessidades de saúde do paciente conforme o estado da arte. Especialmente, quando há frustração de expectativas, má evolução que faz o médico debruçar-se e concentrar-se na condução das correções de rumo como missão primeira.

O treinamento com fundamentos da Bioética facilita o reconhecimento alertador mais precoce da germinação de turbulências na beira do leito. Na linguagem popular, faz o médico tornar-se mais esperto sobre a psicopatologia crescente da beira do leito.

A Bioética, assim, facilita o médico municiar-se de radares mentais para identificar prenúncios de turbulências na beira do leito que acendem o anúncio luminoso: Apertem os cintos que a beira do leito está em risco de sofrer turbulência.  Prevenir (pela informação) é melhor que remediar (pela indenização).

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