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1411- Dominação, Bioética e passageiro do ônibus de Clapham (Parte 12)

A Bioética da Beira do leito aponta que a liberdade na beira do leito apresenta restrições que impedem uma irrestrita aceitação do outro na conexão médico-paciente e que resulta uma calibragem de ajustes na conexão desde o extremo de nenhum abalo até o extremo de rompimento conforme o tipo de negação. Uma ideia insensata e momentânea de conduta do paciente logo dissuadida com a negação científica pelo médico pode não abalar em nada a conexão médico-paciente, certas alterações propostas pelo paciente acerca de recomendações de métodos pelo médico podem ser bem acolhidas e preservar a conexão médico-paciente e um Não doutor definitivamente decisório tem o poder de fazer “cair” a conexão. Em suma, médico e paciente não podem ser irrestritamente livres na beira do leito sem minar a liberdade do outro, com justificativas aceitáveis, normativas e atenção a direitos e deveres e tendo como pano de fundo situação dita eletiva.

Já na emergência, o médico torna-se credor da dívida do paciente com a preservação da vida e por isso, está autorizado à coerção de conduta, permissão ética/legal para restrição da liberdade do paciente de ter voz ativa no processo decisório. Ilustra que a tentativa de suicídio não é uma diretiva antecipada de vontade de não atendimento médico do que possa ter resultado.

A conexão médico-paciente dita parceira conjuga-se ao poder da linguagem veraz, accessível, relevante, útil – e dialógica- como garantia do uso da medicina que tanto não descamba para o abuso como contribui para prover a atuação profissional, não somente com o frio pensamento tecnocientífico, mas também, com cálido afeto, empatia e simpatia.

É habitual que restrições éticas (É vedado ao médico) e legais tenham mais serventia para desaconselhar abusos, má-práticas, incompetências e charlatanismos na beira do leito, todas elas situações em que a linguagem exerce forte ilusão visando a um convencimento pretendido. A Bioética da Beira do leito entende que o controle na beira do leito do abuso da linguagem que poderia ser classificado como não intencional, não associado a um desejo de dominação a qualquer custo, beneficia-se do desenvolvimento da experiência profissional (erros e acertos), a maturidade profissional que promove o fortalecimento da integração entre o self de cada médico com os exemplos dados pelos colegas e o feedback das continuadas repercussões sobre os pacientes.

Atuações do médico como um paternalismo, o brando, produtivo e não coercitivo, após o não consentimento pelo paciente que sabidamente inclui abstrações e imaginação, além de inércia, objetivam reajustes ilustram o cenário de desafios ao uso- não abuso da linguagem que incidem sobre o médico. Aspecto essencial é a tranquilidade de poder pensar o que vai dizer ao paciente sob livre efeito da consciência que eventual não fazer a conduta aplicável em questão não representaria imprudência com a beneficência, mas, tão somente respeito ao direito do paciente ao exercício da autonomia. A prisão da consciência profissional a um temor de acusação de imprudência assistencial é causa comum de ultrapassagem da fronteira ética do paternalismo médico para o lado forte.

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