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1012- Pit-stop na beira do leito (Parte 2)

Vale muito para a (in)tranquilidade do paciente o tipo de impacto a ser provocado pelo que o médico lhe dirá e lhe recomendará. A sensibilidade sobre Bom pra quem? conta muito. Realidades clínicas presentes e possibilidades estatísticas geram o que podemos denominar de comunicação em momento delicado, um processo de interação muito especial onde a estratégia e o tom empregados para a emissão das mensagens empregados têm potencial de alto impacto no receptor. A Bioética da Beira do leito alerta que a convivência de longa data bem conectada entre ao partes envolvidas na comunicação – profissional da saúde e paciente- tem efeitos pedagógicos e de consistência relacional  que facilitam a mútua compreensão técnica-leigo (confiado-confiante). De fato, um clima de confiança não somente provoca uma sensação de simplificação pelo paciente sobre algo que ele seria incapaz de planejar, como também conscientiza com mais realismo sobre expectativas de sucesso e riscos da frustração evolutiva.

Os níveis cognitivos e emocionais de reação do paciente pressupostos na absorção das informações recebidas costumam ser incógnitas, embora certa previsibilidade possa acontecer em função do conhecimento de aspectos da personalidade do paciente. Familiares costuma se manifestar neste sentido em certas ocasiões mais tensas. Possibilidades de Que bom que se eu tiver algo ainda não sabido a tecnologia descobrirá e possibilidades de que mau a tecnologia vier a antecipar o que não me perturba distribuem-se universalmente. Como se diz, cada cabeça uma sentença, razão das diversidades de recepção e reação do paciente em meio à responsabilidade do médico de promover saúde.

Bioamigo, o paciente em questão não é nem alienado nem hipocondríaco, tem um histórico de cooperação baseado em confiança no médico e amor a si próprio, mas, porque não, é ser humano e por isso fadado a recear novidades do seu corpo, preocupação ampliada pelo potencial de mudanças no statu quo de estabilidade. O paciente é vivido em repercussões fisiopatológicas e sabe como recomposições por condutas terapêuticas costumam ser traumáticas e repetidamente destituídas de preparo conveniente para tanta tecnologia disponível/aplicável e orientações de impacto no cotidiano.

Acontece rápido, em poucos minutos do decorrer da consulta, a sensação do bem-estar  com que o paciente entrou na consulta e que muito lhe apraz poderá ser reforçada ou afetada pelas palavras do médico.  O mal não nasceu ali, mas a identificação ou a suposição inclui a possibilidade de a vida poder vir a soar diferente. Talvez venha a relembrar que já completou 80 anos, trazido como justificativa etiopatogênica, cronologia que o paciente não tem sentido e, assim, desembargar do estado atemporal de se considerar uma pessoa sem idade biológica. Haverá uma solução completa e perfeita para tudo? O Não é resposta mais provável.

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