PUBLICAÇÕES DESDE 2014

12-Relação médico-paciente conectada

Planejar bem, comunicar-se bem, acompanhar bem. É tríade de desempenho na beira do leito de alta contribuição para a evitação de mal-entendidos, insatisfações e mesmo processos derivados da relação médico-paciente.

Destaco nestas metas interligadas a interlocução médico-paciente sobre as necessidades envolvidas no atendimento. Lacunas na comunicação permitem completar com imaginação e analogias que soam para si “tão real” quanto o que deveria ter sido dito e ouvido.

A anamnese e a explicação da conduta são pilares da importância da comunicação ética. É essencial que o médico note-se como ele faz e analise como o paciente se comporta.

Especialistas em comunicação destacam um quarteto da emissão e da recepção da linguagem:

  1. Falar- Habitualmente, a fala do médico na anamnese deve ficar em segundo plano, centrada no estímulo à palavra espontânea do paciente e a complementações.
  2. Ouvir- É timing que deve ser treinado pelo médico para evitar interrupções ineficientes ou provocadas pela ansiedade de resposta ou por premência de tempo. Podemos conhecer o desenvolvimento de uma doença, mas desconhecemos o que ela faz exatamente com aquele doente a nossa frente. Podemos saber a melhor conduta, mas desconhecemos o que seria o mais aceito – e compreendido- por aquele paciente a nossa frente.
  3. Ouvir-nos falar- Há o econômico nas palavras, há o prolixo, há o que dá uma aula, há o que fala mais de si do que do caso, há o que não responde, não esclarece, etc…, etc… É importante ficarmos “nos ouvindo” para que nossa fala canalize-se pelo respeito, clareza e empatia.
  4. Ouvir-nos ouvir- É natural que uma anamnese abra um canal mental de raciocínio sobre que se está ouvindo, mas não pode provocar lapsos de escuta. Bem isolá-lo num cantinho da mente é fruto de treinamento. Assim como para a construção do esclarecimento-resposta durante a explicação da conduta. Ouvir-nos ouvir é capital para a qualidade do acolhimento a preferências e a valores do paciente pari-passu com a resolução das necessidades clínicas. A impulsividade e o egocentrismo são prejudiciais a mais eficiente captação do que o paciente deseja do médico.  Não podemos esquecer-nos que as diferenças habituais entre as bases de conhecimentos  numa comunicação médico-paciente têm o potencial de gerar “desligamentos” . Ora é o médico que “desliga” porque entende que o que o paciente está vocalizando não tem nada a ver com  a técnico-ciência, ora é o paciente que “desliga”  e  ao final de nossas “caprichadas” explicações e recomendações, olho-no-olho, faz, imediatamente, uma pergunta que mostra por onde andava  o foco do seu pensamento, talvez surdez para o resto: – “… doutor, posso  continuar comendo  chocolate?…Só um pedacinho…”

A Bioética da beira do leito colabora para a inclusão do pensamento, do relacionamento e da atuação na equação da coerência ética.

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