3834

PUBLICAÇÕES DESDE 2014

12-Relação médico-paciente conectada

Planejar bem, comunicar-se bem, acompanhar bem. É tríade de desempenho na beira do leito de alta contribuição para a evitação de mal-entendidos, insatisfações e mesmo processos derivados da relação médico-paciente.

Destaco nestas metas interligadas a interlocução médico-paciente sobre as necessidades envolvidas no atendimento. Lacunas na comunicação permitem completar com imaginação e analogias que soam para si “tão real” quanto o que deveria ter sido dito e ouvido.

A anamnese e a explicação da conduta são pilares da importância da comunicação ética. É essencial que o médico note-se como ele faz e analise como o paciente se comporta.

Especialistas em comunicação destacam um quarteto da emissão e da recepção da linguagem:

  1. Falar- Habitualmente, a fala do médico na anamnese deve ficar em segundo plano, centrada no estímulo à palavra espontânea do paciente e a complementações.
  2. Ouvir- É timing que deve ser treinado pelo médico para evitar interrupções ineficientes ou provocadas pela ansiedade de resposta ou por premência de tempo. Podemos conhecer o desenvolvimento de uma doença, mas desconhecemos o que ela faz exatamente com aquele doente a nossa frente. Podemos saber a melhor conduta, mas desconhecemos o que seria o mais aceito – e compreendido- por aquele paciente a nossa frente.
  3. Ouvir-nos falar- Há o econômico nas palavras, há o prolixo, há o que dá uma aula, há o que fala mais de si do que do caso, há o que não responde, não esclarece, etc…, etc… É importante ficarmos “nos ouvindo” para que nossa fala canalize-se pelo respeito, clareza e empatia.
  4. Ouvir-nos ouvir- É natural que uma anamnese abra um canal mental de raciocínio sobre que se está ouvindo, mas não pode provocar lapsos de escuta. Bem isolá-lo num cantinho da mente é fruto de treinamento. Assim como para a construção do esclarecimento-resposta durante a explicação da conduta. Ouvir-nos ouvir é capital para a qualidade do acolhimento a preferências e a valores do paciente pari-passu com a resolução das necessidades clínicas. A impulsividade e o egocentrismo são prejudiciais a mais eficiente captação do que o paciente deseja do médico.  Não podemos esquecer-nos que as diferenças habituais entre as bases de conhecimentos  numa comunicação médico-paciente têm o potencial de gerar “desligamentos” . Ora é o médico que “desliga” porque entende que o que o paciente está vocalizando não tem nada a ver com  a técnico-ciência, ora é o paciente que “desliga”  e  ao final de nossas “caprichadas” explicações e recomendações, olho-no-olho, faz, imediatamente, uma pergunta que mostra por onde andava  o foco do seu pensamento, talvez surdez para o resto: – “… doutor, posso  continuar comendo  chocolate?…Só um pedacinho…”

A Bioética da beira do leito colabora para a inclusão do pensamento, do relacionamento e da atuação na equação da coerência ética.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES

fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts
set0 Posts
out0 Posts
nov0 Posts
dez0 Posts
jan0 Posts
fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts

fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts
set0 Posts
out0 Posts
nov0 Posts
dez0 Posts
jan0 Posts
fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts