PUBLICAÇÕES DESDE 2014

HM1-Mary Tifoide

A preocupação em identificar eventuais propagadores do Ebola, o mais temido clandestino do transporte aéreo da atualidade, traz à mente situações onde a chegada de única pessoa traz uma infecção, registradas pela história da Medicina.

Uma delas diz respeito a Mary Mallon (1869-1938), protagonista da condição de portadora não sintomática da doença que provavelmente matou Alexandre, o Grande e deixou viúva a rainha Vitória.

No início do século XX, Mary  empregou-se como cozinheira numa casa de família. Duas pessoas que frequentavam a residência  adoeceram com o diagnóstico de febre tifoide.

Alguns meses após, Mary estava em novo emprego. Nove pessoas receberam o mesmo diagnóstico. Estima-se que num período de cinco anos, Mary contaminou mais de duas dezenas de pessoas próximas a  ela e  há fortes indícios que ela tenha sido responsável por um surto de febre tifoide em New York, em 1903, que acometeu 1300 pessoas.

Somente em 1907 um pesquisador lançou a luz  sobre  a participação de Mary numa publicação no JAMA. Ela foi localizada e concluiu-se que a sua vesícula biliar continha Salmonella.  Ela ficou em quarentena por cerca de 3 anos e dispensada com a promessa que não mais exerceria a profissão de cozinheira.

Mary mudou o nome e continuou a cozinhar e causar a doença. Foi  colocada de novo em quarentena.  Não era uma criminosa, era uma doente sem recurso terapêutico, restava confiná-la numa liberdade relativa. Mary Tifoide, como ficou conhecida, nunca deixou de ser convenientemente observada até o seu falecimento. A necropsia confirmou o diagnóstico e o corpo foi cremado.

Salmonella é nome em homenagem ao veterinário americano Daniel Elmer Salmon (1850-1914) quem primeiro isolou esta bactéria no intestino do porco.

Foi no Lancet de 1867 que William Budd (1811-1880) publicou suas observações  ligando  a febre tifoide à água contaminada.

A reação de soroaglutinação de Widal que é mais útil pelo valor preditivo negativo foi introduzida em 1896 pelo francês Georges Fernand Isidore Widal (1862-1929).

O cloranfenicol, o antibiótico derivado do Streptomyces venezuelae que durante anos foi o tratamento da febre tifoide foi lançado em 1947.

As dificuldades de diagnóstico da febre tifóide  na virada do século XIX para o XX aconteceram em São Paulo, também, onde uma chamada febre paulista suscitou grande polêmica entre expoentes da Medicina, uns a favor de se tratar de malária e outros que defendiam ser febre tifoide.

 

Uma velha bactéria e um novo vírus ocupando um espaço que começou a ser  compreendido, há 150 anos,  pela introdução do conceito de micróbio como agente de doença por Louis Pasteur (1822-1895).

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