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HM 58- Noel Rosa, seu ingresso na Faculdade de Medicina deu samba

Bioamigo, creio que os médicos nunca se esquecem da Faculdade em que se formaram. Tenho pensamentos recorrentes sobre a minha Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, o nome quando lá entrei, depois Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, já durante o curso, em 1965, a eterna Praia Vermelha. O prédio não mais existe a não ser na memória saudosista. Tenho um caco da demolição, distribuído por um colega de turma que foi lá chorar escutando Saudoso Maloca de Adoniram Barbosa ( João Rubinato, 1912-1982).

Recentemente, achei Biografia de uma Faculdade, Editora Atheneu, na minha estante de livros. São 208 páginas escritas por George Doyle Maia (1921-2017). Ele foi colega de turma (1939-1944) do meu pai e me deu aulas de histologia. O livro me fez recordar dos bons tempos idealistas, por exemplo, da canção Nicodemo:

O Nicodemo. O jalaoba (bis)

O esqueleto da Faculdade

Tava guardado na criolina

Mas já acordou e já gritou 

Que a maioral é a Medicina

A Nacional de Medicina é a escola papa-fina

 

Também tive a oportunidade de rever fatos históricos, entre eles, o curioso constante às páginas 85 e 86, que compartilho com o bioamigo.

Noel Rosa (1910-1937) foi aprovado no vestibular para a Faculdade de Medicina em 1931. Teve passagem efêmera, mas não silenciosa. A Medicina inspirou-lhe compor o samba Coração.

 

Coração, grande órgão propulsor

Transformador do sangue venoso em arterial

Coração, não és sentimental

Mas, entretanto, dizem que és o cofre da paixão

Coração, não estás do lado esquerdo

Nem tampouco do direito,

Ficas no centro do peito, eis a verdade

Tu és pro bem-estar do nosso sangue

O que a casa do correção é para o bem da humanidade

Coração do sambista brasileiro

Quando bate no pulmão faz as batidas do pandeiro

Eu afirmo sem nenhuma pretensão

Que a paixão faz dor no crânio

Mas não ataca o coração

Conheci um sujeito convencido 

Com mania de grandeza i instinto de nobreza

Por saber que sangue azul é nobre

Gastou todo seu cobre para pensar no seu futuro

Não achando quem lhe arrancasse as veias 

Onde corre sangue impuro 

Viajou a procurar de norte a sul

Alguém que conseguisse encher-lhe as veias

Com azul-de-metileno

Pra ficar com sangue azul

O samba, apesar das barbaridades anatômicas e fisiológicas, fez sucesso. Alertado sobre os erros, procurou corrigi-los nas edições impressas. Pior a emenda que o soneto:

Coração grande órgão propulsor 

Distribuidor de sangue arterial em venoso

Pouco depois, abandonou o curso.

 

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