PUBLICAÇÕES DESDE 2014

HM 56- Curiosidades sobre celebridades da Cardiologia

Conhecer um pouco sobre celebridades da Cardiologia faz parte da busca por exemplos sobre comportamentos perante desafios, perseverança para encontrar caminhos e rechaçar obstáculos, e sobre capacidade para vislumbrar o ponto de interesse.

  1.   COMO ENCOLHEU… O eletrocardiográfo do indonésio-holandês Willen eletro Einthoven (1860-1927) pesava 270 Kg, era operado por 5 técnicos e o cabo para ir do laboratório ao paciente no hospital media 1500 metros.
  2.  SERVE PRA QUÊ MESMO?… O eletrocardiógrafo despertou ceticismo inicial, o que motivou Willen eletro Einthoven a pensar rápido em marketing e publicar More on the Electrocardiogram.
  3. RECONHECER SÓ APÓS MORRER… O mineiro da cidade de Oliveira, Carlos Ribeiro Justiniano doença Chagas (1879-1934), recebeu uma grande homenagem em Paris. Por que não no Rio de Janeiro? Porque à época, ele estava sendo alvo de muitas críticas dos seus compatriotas. Já o prussiano Wilheim doença Ebstein (1836-1912) teve a descrição da anomalia praticamente ignorada até 15 anos após sua morte.
  4. SERÁ QUE DARIA PARA PUBLICAR NO CIRCULATION?… O artigo original do mineiro da cidade de Oliveira, Carlos Ribeiro Justiniano doença Chagas (1879-1934), tinha 60 páginas, em duas colunas, a da esquerda escrita em português e a da direita escrita em alemão. Ah! ia me esquecendo, ele não tinha nenhuma referência bibliográfica.
  5. DEVOLVER AO AUTOR POR FALTA DE ESTATÍSTICA E GRUPO CONTROLE… O mexicano José Manuel manobra Rivero Carvallo relatou que de 11 casos com acentuação inspiratória do sopro, 10 tinham comprovação anatomopatológica de insuficiência tricúspide e concluiu que a manobra, excepcionalmente, poderia ser positiva sem aquela valvopatia.
  6. AGUARDANDO JONES… O inglês Thomas “Coréia” Sydenham (1624-1689) depois de fazer parte do exército de Oliver Cromwell estudou Medicina e publicou On St. Vitus Dance, sem que passasse pela sua cabeça que poderia haver alguma relação com a doença reumática. O que foi realizado subsequentemente por Thomas critérios Duckett Jones (1899-1954).
  7. MUITO PRAZER… O alemão Albert von reflexo Bezold (1836-1868) fez a publicação sobre atividade inibitória em 1867, quando nem era nascido o tirolês Adolf reflexo Jarisch (1891-1965), que apresentou suas experiências em 1948, referindo-se ao efeito Bezold; reconheceu, foi reconhecido e tornaram-se conhecidos juntos como reflexo de Bezold-Jarish.
  8. FAÇA O QUE EU DIGO, MAS… O alemão Karl Ludwig nódulo Aschoff (1866-1942) fez a comunicação oral da sua descoberta atribuindo méritos ao japonês Sunao Tawara (1873-1952), seu discípulo e quem, de fato, procedera aos exames. Mas… publicou sozinho.
  9. NÃO FICOU EM BRANCO… O norte-americano Paul Dudley síndrome White (1886-1973) foi à Inglaterra, mostrou ao inglês Sir Thomas Lewis alguns eletros que levara no bolso e recebeu resposta que se tratava de um simples bloqueio de ramo; White, red de raiva, não desistiu, pegou aquele ônibus de dois andares e foi até o hospital do inglês John “Síndrome” Parkinson (1885-1976) que achou alguns traçados iguais no seu arquivo, igualmente de pacientes com taquicardia paroxística. Muito feliz, White tomou o navio de volta, foi direto do cais de New York para o Massachusetts General Hospital e ordenou ao novato Louis “Síndrome” Wolff que escrevesse o trabalho, imediatamente, juntando os 7 casos deles com os 4 que Parkinson lhe emprestara. O mais novo se deu melhor, afinal, ultimamente tem sido assim: – quantos Wolffs (síndrome de Wolff-Parkinkon-White) o colega viu este ano?
  10. AUTOCATETERISMO… O alemão Werner  cateter Forssmann (1904-1979) estava louco para inventar o cateterismo cardíaco, mas não conseguiu autorização do seu superior para tentar obter imagens com contraste em pacientes. Ele obteve o consentimento dele mesmo e com o idealismo dos 25 anos e a ajuda de uma enfermeira apaixonada introduziu uma sonda ureteral na própria veia do braço, injetou contraste e correu para o laboratório de radiologia. Depois que mostrou a chapa, nunca mais recebeu um nein.
  11. GLOBALIZAÇÃO … O paulista de São José dos Campos, Cezar reação Guerreiro (1885-1949) conheceu o paraense de Belém, Astrogildoreação Machado (1885-1945) em Manguinhos, no Rio de Janeiro, e ambos receberam a incumbência do paulista de São Luis de Paraitinga Oswaldo Gonçalves febre amarela Cruz (1872-1917) de aplicar a reação de fixação do complemento dos belgas Jules Jean Baptiste Vincent prêmio Nobel Bordet (1870-1961) e Octave Gengou (1875-1957) a pacientes sob observação do mineiro Carlos doença Chagas. Eles apresentaram os resultados como nota prévia, em 1913, sem nenhuma referência bibliográfica, e, sabe lá por qual motivo, nunca mais publicaram nada sobre o assunto. Mas que sorte! Foram parar em Chagas´Disease no livro globalizado do austríaco-norte-americano Eugene Braunwald (nascido em 1929), dois raros brasileiros referidos no corpo do texto.
  12. MOLINHA PRU…DENTE… Charles Thomas Stent (1807-1885) foi um dentista londrino, que criou um material para impressão dentária com melhor capacidade de moldagem do que a guta-percha. O material foi usado na Primeira Guerra Mundial como molde para enrolar enxertos de pele. Vai informação, vem criatividade, tornou-se prudente para circulação…
  13. SEXO FRÁGIL?… Apgar era a norte-americana Virginia (1909-1974), a primeira mulher Chefe de Departamento de Anestesiologia; Taussig era a norte-americana Helen blue baby Brooke (1898-1986) e dirigiu a American Heart Association; Lancefield era a norte-americana Rebecca streptococccus Craighill (1895-1981) e foi presidente da American Association of Immunologist; Noonan síndrome é a norte-americana Jacqueline (1928-2020 ), que foi Professora Titular de Pediatria, Kentuchy University.
  14. CONGÊNITO ADULTO… O francês Etienne-Louis Arthur tetralogia Fallot (1850-1911) relatou três casos que acompanhara clinicamente e depois fizera a necropsia; se vocês achavam que eram crianças, enganaram-se, nenhum deles era: Alexander tinha 19 anos, Theodore, 26 anos e Victor,36 anos. Neste, Fallot fez o diagnóstico clínico de Fallot, baseado no aprendizado dos dois primeiros, mas, infelizmente, Blalock e Taussig não tinham ainda entrado na Faculdade…
  15. SÓ UMA OLHADA… Mikito pulseless Takayasu (1859-1938) descobriu a alteração ocular, mas não se deu conta da ausência de pulso arterial, dizem, porque na cultura japonesa não há o hábito de se dar a mão para cumprimentar…
  16. SAINDO PELOS OUVIDOS… O italiano Antonio Maria Valsalva (1666-1723) queria fazer diagnóstico de perfuração do tímpano, tornou-se milagreiro ao fazer um homem se tornar ex-surdo, removendo-lhe cera do ouvido e é adotado pelos cardiologistas quando eles querem melhorar a audição para reconhecer certos sopros…
  17. NÃO CONHECIA HIPERTENSÃO???… O russo Nicolai Sergeyvich Korotkoff (1874-1920) interessou-se por fístulas arteriovenosas por arma de fogo, foi voluntário-médico durante a guerra sino-russa e usando o manguito de Riva-Rocci descobriu os sons relacionados com a compressão arterial. A partir daí, a pressão diastólica passou a ser medida e a assassina silenciosa ganhou critério. A batalha continua…
  18. ZÉ???…NÃO DÁ… O personagem do livro Pickwick Papers de Charles Dickens que tinha a síndrome de Pickwick não era o Samuel Pickwick, o protagonista central, era o bonachão cocheiro Fat Boy Joe. Mas síndrome de Zé não iria colar, daí…
  19. BIOÉTICA NO SÉCULO XVII… PERO NON MUCHO… O inglês Thomas Coréia Sydenham (1624-1689) teve o mérito de redirecionar a medicina para a beira do leito. Ele usava o princípio de que o que era útil era bom e ensinava que o que vale é a observação e acúmulo de experiência, pois a doença é um processo natural e não sobrenatural, nada escrevo que não seja fruto de minha constatação, ensinava aos seus discípulos. Por fim: … o papel do clinico não é cuidar da moral do paciente, é tornar o seu corpo mais saudável…
  20. SENHOR EDITOR, É UM CASO SÓ, MAS IMPACTO E CITAÇÃO GARANTIDOS…Assinado: Victor Eisenmenger, alemão (1864-1932); Wilhelm Ebstein, prussiano (1836-1912); Edvard Ehlers, dinamarquês (1863-1937)& Henri-Alexandre Danlos, francês (1844-1912); René Lutembacher, francês (1884-1968); Bernard-Jean Antonin Marfan, francês (1858-1942).
  21. OUVIDO DE URUBU DEVE SER BOM… O norte-americano Austin soproFlint (1812-1886) e o escocês Sir “Sopro” Graham Steell (1624-1689) auscultavam os pacientes com estetos de 1a geração- daqueles que nem dava para pendurar no pescoço-, anotavam tudo e ficavam aguardando o dia de ver a necropsia e conferir com o caderno na mão…
  22. O DE OLHO MAIS FECHADO VIU MELHOR… O tcheco Johannes Evangelista Purkinje (1787-1869) não encontrou no homem as fibras que havia visto em animais e considerou-as integrantes da função mecânica ventricular; foi o japonês Sunao Tawara (1873-1952), quem se apercebeu da função que elas tinham de conduzir o impulso elétrico.
  23. HAJA VÁLVULAS PRA TANTO RUÍDO… No século XIX, foram vistas 8 bulhas cardíacas normais, pela soma das duas audíveis no choque da ponta, duas no terço inferior do esterno, duas no terceiro espaço intercostal esquerdo e duas no segundo espaço intercostal direito. Ufa! Ainda bem que alguém sacou a existência do foco de ausculta, senão que trabalhão teríamos pra anotar a ausculta cardíaca, como é mesmo, hiperfonese da quinta e desdobramento da sétima? Ou será ao contrário…
  24. AMARELOU… O inglês William Whitering (1741-1799) soube de um segredo para a cura de edema que uma senhora idosa guardava na cidade de Shropshire. Foi até lá, conversou com a velhinha, aliás, simpaticíssima, convenceu-a a lhe dar um saquinho e de volta ao laboratório, verificou que era uma mistura de 20 ervas; descobriu que o diurético era a digitalina da dedaleira (fox-glove). Whitering titulava a prescrição de acordo com os efeitos colaterais: -… se perceberem que os objetos se tornam amarelados, parem de tomar… Pouco mais de 100 anos depois, Vincent van Gogh passou a pintar com dominância do amarelo. Gosto não se discute, mas acontece que um quadro desta fase é Dr.Gachet, o seu médico segurando uma planta. Qual? uma fox-glove. Foi o bastante para dizerem que van Gogh tomava digitalina, e muita…, que na ocasião era prescrita para casos de convulsão e mania. O diagnóstico ficou como xanto…psincel. Quanto será que media o intervalo PR de van Gogh? Pena que Einthoven só nasceu muitos anos depois…
  25. PRÊMIO NOBEL DEMORA MAS CHEGA… Duas celebridades da Cardiologia receberam o Prêmio Nobel. O indonésio-holandês Willen “Eletro”  Einthoven (1860-1927) inventou o eletrocardiográfo nos primeiros anos do século XX e levou a láurea em 1924, enquanto que o aloprado alemão Werner cateter Forssmann (1904-1979) esperou 27 anos para ir à Escandinávia e ainda teve que dividir com o francês André Frédéric Cournand (1895-1988) que desenvolveu o método- idéia e prática reconhecidas!

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