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Enquete 1130- Pinóquio ou Grilo falante?

Você, bioamigo médico, recebeu do paciente o pedido para não contar para a esposa sobre o resultado do exame. Ele lhe justificou que desejava preservar a esposa que passava por uma doença grave. Você conhece o casal de longa data, a fidelidade recíproca e como a esposa é dedicada à saúde do marido. Ela não aceitaria desconhecer o resultado e. aoatender ao pedido, você poderia ter a sensação de estar traindo a confiança dela e também a sua própria liberdade. Cumprir o solicitado pelo paciente não somente traz a preocupação sobre causar um dano conjugal, como também lidar com a mentira caso seja abordado pela esposa- o que é quase certo:  “… Doutor, o que deu o exame do meu marido?…”

A questão é: escolher mentir para a esposa do paciente aceitando o pedido é moralmente certo ou errado? Não trair e não fazer sofrer é possível? A mentira seria sua responsabilidade e fazer a esposa não sofrer segundo a óptica do paciente também?

Entre o fato e a crença você mentaliza duas opções que demandam alguma energia, quem sabe um pedido de ajuda pois qualquer uma delas terá o potencial da auto recriminação.

Opção 1- Você aceita o pedido do paciente– Sem esquentar muito cabeça, mesmo incomodado por ter que ser assim, você faz uma abordagem moral consequencialista e hierarquiza o resultado desejado pela pessoa de quem você tem responsabilidades profissionais. Num modo utilitário, você propõe a si mesmo mentir pois enxerga que é um ato certo favorecer o contexto de bem-estar expresso pelo paciente e assim toma a decisão moralmente à margem do seu caráter. Você rejeita o imperativo categórico, a rigidez de conceito de comportamento universal que considera que mentir é sempre errado. Você se convence que mentir nem sempre é moralmente incorreto pois não é impossível encontrar justificativas aceitáveis para uma mentira. Você acredita que cabe esta moral aplicada em nome da prudência com as incertezas sobre efeitos negativos na saúde já comprometida da esposa do paciente e, afinal, a mentira para esposa não modificaria as providências terapêuticas para o paciente. Em outras palavras, você beneficiaria o presente do casal e não prejudicaria o seu (dele e o seu mesmo) futuro. Caso o segredo venha a ser revelado algum dia, muita coisa teria evoluído e novas circunstâncias diluiriam o impacto da revelação da mentira. Seria o opção Pinóquio.

Opção 2- Você não aceita o pedido do paciente – Você já teve más experiências com a mentira compassiva e não deseja repeti-las. Sentiu na pele como o esforço cognitivo que precisou para escamotear foi contraposto pela comunicação não verbal – expressão facial,  gestos, postura corporal, relação de distância com o interlocutor, modulação de voz- e aprendeu como ela é comandada pela tensão com a verdade. Você fica ansioso e apela para a segurança da teoria moral para subsidiar como deve proceder. Pretendendo colocar o seu caráter como fio condutor, você faz uma apreciação metaética (A metaética é ramo da filosofia moral que lida com o real significado de certo e errado, bom e mau). Decidido o sentido de certo, você consulta a ética normativa e verifica que o Código de Ética Médica não fornece um algoritmo moral seguro para a questão, você não seria ingênuo dizendo à esposa do paciente que ele não autorizara a revelação, seria pura dinamite. Frustra-se mesmo pois o Capítulo V- Relação com pacientes e familiares não inclui nenhuma orientação sobre o familiar. Então, sua consciência profissional privilegia a ética da virtude. Desta maneira, prevalece o parecer do agente moral que se submete à fidelidade de si para consigo e  aponta que mentir sobre o resultado do exame é errado independente da intenção do paciente – dono do resultado, então ele que minta para a esposa- e que evita a desagradável sensação que você sempre é capaz de mentir. Seria a opção Grilo falante.

Bioamigo qual seria seu comportamento?

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