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41-Coragem Moral

R7-MudarOuvi de um colega que quem “faz” Bioética precisa ter coragem. Fiquei matutando, senti veracidade na observação. Não será mesmo que uma Comissão de Bioética é reunião multiprofissional de corajosos da Saúde? Estes voluntários da Moral têm a determinação  necessária.

É claro. Resoluções requerem coragem  e quem “faz” Bioética envolve-se com conflitos de tomada de decisão. E demandam coragem para ir ao encalço  da mais apropriada atitude  frente a percepções distintas   de mesmo acontecimento ou de mesma circunstância.

Nas situações onde se pretende harmonizar a vontade  de aplicar o benefício da Medicina que está na cabeça do médico  com o não desejo do paciente, a valorização da empatia reduz indiferenças e agressões e evita a coerção.

É fato. O trabalho da Bioética da Beira do leito incorpora  o paradoxo da coragem, ou seja,  devemos nos comprometer, mas podemos estar errados.  Segundo Rollo May (1909-1994), a dialética entre convicção e dúvida é característica elevada da coragem e exemplifica que não se pode falar em coragem do fanático porque ele bloqueia novas verdades. Médico fanático por Medicina, somente no sentido figurado, entusiasmo na medida certa.

A coragem  que importa à  Bioética da Beira do leito não é a física. É a moral.  Aquela que acolhe a doença como questão inserida num ser humano com vida e cuidada  por outro ser  que também é humano  no exercício das responsabilidades profissionais pela vida.

A coragem moral nutre  o permitir-se pensar independente e questionador sobre o  significado de ser médico  e de ser paciente nas contingências infinitas dos encontros e reencontros. A coragem que dá asas ao desenvolvimento de sinceros processos criativos em prol da máxima conformidade interpessoal do referido encontro, evidentemente, respeitando os limites da Ética e das leis.

Pegando carona novamente com Rollo May, postura corajosa frente a limitações obstrutivas  energiza a busca de alternativas resolutivas.

A forma de reação perante o contradito precisa ser adaptativa, imaginativa, portanto, sob constante reformatação. A Bioética da Beira do leito não dispõe de uma bula de tomada de decisão para oferecer, razão pela qual  recomenda modelações individualizadas para reordenar o que foi “desarrumado” dos muitos  idealizados, como por exemplo,  médico recomenda – paciente consente ou paciente solicita- médico aceita.

Uma forma de preparar o estudante de Medicina para a coragem criativa e, para a germinação da correlata curiosidade,  é fazê-lo  envolver-se com  questões  históricas, polêmicas ou até sem respostas, que é considerado um método utilizado por Sócrates (….).  Por exemplo:

http://news.medicine.duke.edu/wp-content/uploads/2013/05/The-Art-of-Pimping.pdf

1.       Enigma da história: Quem realizou a primeira punção lombar?

2.       Questão teleológica: Porque há órgãos duplos como rins e pulmões?

3.       Questão muito ampla cuja discussão atinge um ponto ainda não esgotado, mas que fica difícil prosseguir: Qual o papel da prostaglandina na homeostase?

4.       Nomeação de epônimo: Quem descreveu o sinal da movimentação da úvula consequente à insuficiência da valva aórtica?

Fica a questão: O médico  brasileiro que trabalha na beira do leito possui a coragem moral? A minha resposta é afirmativa. E a Bioética da Beira do leito pode contribuir para iluminá-la a cada tomada de decisão em meio a crises causadas pelos infinitos acasos de combinações do pentágono da atenção à Saúde. PantagonoMenor

 

 

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