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1641- Autonomia e heteronomia no ecossistema da beira do leito (Parte 7)

A Bioética da Beira do leito figura nas contemporâneas rotas éticas das tomadas de decisão o posicionamento de um tipo de semáforo que após ser acionado pelo (não)consentimento pelo paciente  controla a subsequente aplicação – ou não – do decidido. Há o verde do Sim doutor, o amarelo do Talvez doutor e o vermelho do Não doutor. Transgredir o significado universal da cor acesa é grave infração ética/moral/legal.

Este semáforo ético alinha-se ao paradigma da ativa inclusão humana do paciente na conexão médico⇔paciente e que não pode deixar de considerar fortemente o reconhecimento e a valorização de aspectos de identidade e de diversidade de cada partícipe, e que tem o objetivo de afastar o entendimento do leigo do paciente como componente tão somente passivo em relação a atitudes. A representação conjuga-se à intenção permanente de eu médico e tu paciente ou vice-versa formar nós, tanto em seu sentido pronominal como a gente, quanto no substantivo como enlaçamento mútuo.

As igualdades e as diferenças entre médico e paciente quanto a objetivos e valores exercem influências no decorrer do processo de tomada de decisão clínica, idealmente respeitando a liberdade de expressão. Aplicações do superposto e absorções do contraposto imbricam-se pelo reconhecimento do intuito inclusivo, ou seja, o médico ético não deve descartar aprioristicamente opinião divergente/não consentimento do paciente, mas, empenhar-se  pelo diálogo esclarecedor e por adaptações conciliatórias.

Até mesmo quando ocorrem inquietudes profissionais por perspectivas de niilismo terapêutico a reboque da inclusão do paciente no processo decisório no modo não consentimento à orientação médica, não são recomendáveis iniciativas médicas visando provocar total desconexão médico⇔paciente. A empatia do médico pelo paciente é fio de Ariadne nos labirintos profissionais do ecossistema da beira do leito.

Há vários ângulos de apreciação sobre a qualidade da formação de um médico. Um desafio da contemporaneidade é prover as bases éticas para lidar no máximo de profissionalismo com a cor do semáforo da beira do leito, vale dizer calibrar a prudência na decisão e o zelo na continuidade do (não)consentido. O alerta desta metáfora do trânsito é motivado pelas características das diretrizes clínicas que orientam sobre indicações e não indicações de métodos tecnocientíficos, mas não sobre “contraindicações” por não consentimentos pelo paciente.

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