PUBLICAÇÕES DESDE 2014

954- Treinando crítica do rascunho em serviço (Parte 2)

Bioamigo, partimos da premissa que o termo beira do leito é metáfora para cuidados com pacientes, implicando pois contextos de interpretação de doença, saúde, bem estar e mal estar. Em meios às variações admissíveis, a Bioética da Beira do leito é rigorosa em hierarquizar o foco na xifopagia legitimidade científica- admissibilidade moral para os habituais objetivos de recuperar órgãos doentes, preservar órgãos saudáveis e não agravar comorbidades.

Assim considerando a aplicação das ciências da saúde por um ser humano para outro ser humano, considerando a condição humana plural e a diversidade dos impactos, considerando as modificações  individuais que ocorrem à medida que o tempo de vida passa e considerando a conveniência de ajustes nos processos de tomada de decisão na saúde, uma proposição maior da Bioética Beira do leito no campo da atenção à saúde do ser humano é facilitar aos profissionais da saúde o desenvolvimento crítico de pensamentos acerca de comportamentos na beira do leito, especialmente em situações de tensão profissional.

Uma resultante fundamental de mixagens de pensamentos acerca do conhecimento disciplinar em função dos dados e fatos, acerca do próprio estilo profissional e acerca dos juízos que se fazem necessários é a distribuição do acervo de métodos nas categorias indicação, não indicação e contraindicação.  Num perfil estratégico, os processos mentais de seleção entre sim/não/talvez ocorrem  segundo uma interdependência entre devo? /quero?/posso? em proporções variáveis para cada situação.

A Bioética da Beira do leito contribui para prover fluidez do raciocínio sobre as multitarefas da aplicação da tecnociência que costuma caminhar por rotas de sínteses e análises apresentando inércias e atritos. Ademais, a Bioética da Beira do leito procura facilitar a prática pela redução da dependência dos pensamentos a uma intelectualizada e complexa teorização filosófica.

Consequências incluem: a) uma mais escorreita conotação de etiqueta, de código de honra no compromisso com o respeito ético, moral e legal frente ao paciente e em tudo que direta ou indiretamente se relaciona à conexão médico-paciente; b) um sentido de expectativa do encontro de um oásis revigorante quando domina um deserto de inspiração profissional sobre como promover e proteger os interesses de saúde do paciente; c) um reforço para o valor do profissionalismo eventualmente posto em xeque por dilemas urdidos por uma visão subjetiva – o paciente compõe a sua maneira- em confronto com uma visão objetiva com admissão universal; d) uma ênfase na sensibilidade para manejar o ajuste fino de calibragem entre fronteiras de aceitação e de objeção de consciência profissional. Em suma, uma cooperação para munir-se de matéria-prima pensante para evitar episódios de cefaleia culposa do após o fato consumado pouco refletido.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES