O termo turismo médico aplica-se mais comumente a um fluxo internacional de pacientes que viajam para se submeter a tratamentos por razões de expertise profissional e/ou econômicas. Índia, Tailândia, Coréia do Sul são destinos mencionados na literatura médica.
Este comportamento associa-se a vários aspectos éticos com destaque para uma migração de profissionais do serviço público para o privado que atende aos estrangeiros.
No Brasil imenso, o turismo médico ocorre entre estados da Federação ou entre cidades do mesmo estado. Em 40 anos, observei uma redução deste turismo na Cardiologia/Cirurgia cardiovascular por conta de encaminhamentos médicos determinado pelo outro tipo de turismo, a procura de centros de referência por médicos que após ganharem a competência necessária retornam a suas origens e criam um novo centro de referência regional.
Neste contexto, uma aspecto que merece a atenção da Bioética é o turismo médico de baixa quilometragem como vemos diariamente no fluxo de vans que trazem pacientes de cidades relativamente próximas para o InCor. O que ocorre é que um percentual expressivo dos pacientes assim encaminhados poderiam estar sendo atendidos em centros de referência mais próximos a seus domicílios e entre eles está um contingente que já teve o benefício da assistência terciária/quaternária e persiste frequentando o ambulatório. Uma consequência de impacto ético é a sobrecarga de agendamento que afeta paulistanos e outros pacientes que são encaminhados necessitando de cuidados de alta complexidade.
