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995- Solução e problema, xifópagos nem sempre fáceis de serem separados na beira do leito (Parte 4)

Em função da premissa do esclarecimento que empresta validade ao (não)consentimento, podem-se pressupor pacientes mais reativos e mais proativos no entorno de suas necessidades e informações recebidas. Assim, pacientes se mostram cooperativos ou reticentes.

O alinhamento entre profissional da saúde e paciente é dinâmico ao longo do atendimento e influenciado pelo grau de satisfação ou frustração de expectativas. Aprende-se logo que o entendimento pelo profissional da saúde que o paciente teria compreendido e geração proporcionada de expectativas pelo paciente não são variáveis uníssonas. É fonte de conflitos.

Nenhum esclarecimento pode ser chamado de perfeito, a condição de leigo dificulta, lacunas são preenchidas pelo de fato esclarecido, por analogias, por imaginação e as que restam agarram-se na confiança no profissional da saúde. Uma presunção de esclarecimento porque se entende que foi dada boa explicação domina os cenários atuais.

O consentimento livre e esclarecido na proporção que cada um tem destes atributos demarca a fronteira entre a prudência e o zelo. Tornou-se parte estratégica do atendimento. Como se sabe, é vedado ao médico pelo Código de Ética Médica praticar os antônimos da imprudência e da negligência.

Alegoria da Prudência- Pintura de Girolamo Macchietti (1535-1592)

A construção da recomendação de um método necessita ser prudente – a cobra na medicina simboliza prudência-, é essencial pensar antecipado até porque soluções cogitadas tornam-se problemas evolutivos facilmente em ciências da saúde, e a aplicação consentida necessita ser zelosa em função do compromisso assumido. A prudência alinha-se com a intenção de beneficência e não maleficência. A perspectiva de os métodos cogitados resultarem benefício e não malefício. Carecem da validação tecnocientífica e do conhecimento de peculiares individuais do paciente.

A validação tecnocientífica tem alicerces sólidos na medicina baseada em evidências, mas a experiência do profissional da saúde também deve contar, quer para direcionar, quer para ajustar.

Há alta proporção de recomendações autorizadas não sustentadas por conclusões de pesquisas, ou seja, uma coisa é a inexistência da evidência tecnocientífica, outra coisa é existência de uma contra evidência.

Há muita arte na xifopagia entre problemas e soluções na beira do leito ética.

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