O ensino formal em ciências da saúde admite modelos, nenhum deles isento de deficiências. Em comum, a perspectiva de aplicação do tecnocientífico tem organização idealizada, presunção que deverá ser executado de acordo com indicação e que atuará sob certas premissas num paciente necessitado e desejoso.
Mas as pessoalidades imperam na beira do leito e, por isso, dissonâncias com o ensinado acontecem e requerem ajustes. Daí o valor da arte no manejo da ciência, uma progressão do profissionalismo que somente pode ocorrer em serviço.
O Brasil tem a constituição-cidadã. A beira do leito tem “constituição-acolhimento”. Todos são iguais perante a lei reza a primeira, todos são iguais perante a beira do leito na segunda visto do moral e do social. Mas, bioamigo, como suas expressões tendem à desigualdade visto da clínica!
Cada vez mais há acasos combinatórios de morbidades em vez de casos clínicos clássicos, os tradiconais casos de livro. Causa maior é a modificação da história natural das doenças determinada pelo progresso das ciências da saúde. A decorrente maior expectativa de vida faz acumular comorbidades, inter atuantes ou justapostas, em cada paciente. Mexe com o conceito de saúde, privilegia a prevenção, investe na poli farmácia.
Delineiam-se múltiplos cenários que a Bioética da Beira do leito registra, acompanha e pensa acertos tendo a firme convicção que a clínica persiste soberana quando se trata de referências éticas na beira do leito.
Iguais como cidadãos e diferentes como pacientes, seres humanos carregados de peculiaridades constituindo combinatórios acasos clínicos, rotineiramente, reforçam o aspecto congênito dos princípios da Bioética: um vaivém de alianças e oposições entre um senso de proatividade da beneficência, a cautela da não maleficência e enigmas da autonomia.
Tudo junto e misturado num caldeirão que ferve o sentido coletivo de igualdade pela disponibilidade beneficente, a impossibilidade de não maleficência zero e o juízo de liberdade provido pelo direito à autonomia. Não há dúvida, este conjunto já nasceu agitado pela colher da condição humana, até porque sua receita foi concebida na memória de abusos da primeira metade do século XX.
Faz parte da Bioética da Beira do leito o entendimento que janelas panorâmicas da Bioética dão visibilidade para os acasos clínicos e facilitam obter legítimos e sequentes redescobrimentos nos âmbitos do conceito de saúde, do significado de estar paciente e do profissionalismo na beira do leito. A transdisciplinaridade exercida num ambiente multiprofissional é essencial para dar autenticidade a novidades e continuidade ao clássico.
O cotidiano na área da saúde tem necessariamente de conviver com hipóteses, interpretações, diagnósticos, estratégias terapêuticas, condutas preventivas. São conjunturas de trabalho com muitas indeterminações que tendem a se expandir em variadas proporções ao mesmo tempo que devem respeito a limitações éticas/morais/legais.
A obediência ao É vedado ao médico/Caráter do profissional da saúde/Força de lei é essência do equilíbrio de atitudes na beira do leito objetivando correspondência científica e coerência humana.