PUBLICAÇÕES DESDE 2014

858- Pensamento-linguagem-palavra (Parte 1)

belmont2O direito de o paciente opinar, fazer escolhas, deliberar alinha-se ao respeito, autorrespeito e respeito mútuo na relação médico-paciente e influencia a realização das potencialidades de beneficências, maleficências e justiça na beira do leito. A linguagem dá conexão a pensamentos, sentimentos e comportamentos que visam a atenção à extensão do Relatório Belmont da pesquisa (voluntário de pesquisa) para a assistência (paciente), ou seja, a participação do consentimento livre (autonômico) e esclarecido (viés heteronômico) pelo paciente no processo de tomada de decisão sobre suas necessidades de saúde. Há muitos acontecimentos entre o paciente precisar dizer Sim ou Não e o médico receber a resposta exigente ou não de novas rodadas de ajustes.

Cada paciente tem sua capacidade de assimilação das informações que recebe do médico- e de mais fontes- para estar bem esclarecido. Fatores pessoais e circunstanciais contam muito, por isso, a legitimidade das respostas demanda, habitualmente, um tempo de maturação para um vaivém comunicativo.

Por isso, cada médico deve ter sua organização para atender ao artigo 22 do Código de Ética Médica vigente: É vedado ao médico deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte. A esquisita dupla negativa É vedado ao médico deixar de é, na verdade, um imperativo na interpretação social da responsabilidade profissional.

A Bioética da Beira do leito entende que a comunicação pelo médico que sustenta este imperativo deve ser declaratória, firme, segura e, ao mesmo tempo, aberta à interlocução respeitadora de dúvidas e contraposições  do paciente, que pode ser classificada como assertiva.

Nunca se sabe, porém, se o paciente está bem esclarecido pela ajuda do médico em conformidade com o espírito do princípio da autonomia sobre o uso da razão. O paradoxo de sorites alivia a preocupação, é naturalmente indefinido o quantum de qualidade de emissão e de recepção caracteriza o de fato esclarecido para sustentar a aplicação ética da recomendação.

O Sim é senha, sem dúvida, para passar da prudência (ainda cogitação) para o zelo (já manejo), porém, pegando carona com Kahlil Gibran (1883-1931) não diga encontrei a verdade, diga encontrei uma verdade, ouçamos um consentimento, não o consentimento. De fato, o mundo real da condição humana registra revogações e negações de um consentimento dado, bem como alegações a posteriori de carência de esclarecimentos e coerções.

pensar

Os fundamentos do direito à autonomia pelo paciente não incluem a burocratização, aquele ciente sobre as palavras devolvido de bate pronto, mas uma atividade de interpretação das mesmas via pensamentos desencadeados. O mundo real é, contudo, propício a uma rotina destituída da interpessoalidade. Assina aqui! como um faz de conta de esclarecido prolifera rápido.

Nenhuma surpresa sobre possibilidades de descarrilhamentos de comportamentos, mas, porque acontece, precisa ficar bem explícito: profissionais da saúde e pacientes, ou seja, a sociedade em geral, devem ser bem orientados sobre o significado moral do papel (função e folha) do consentimento livre e esclarecido assistencial.  A Bioética sabe bem disso!

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES