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851- Vir(Ati)tudes- Parte 3

 

OctetoHá cerca de 40 séculos, Khammu-rabi, rei da Babilônia-  situa-se no hoje Iraque- organizou uma legislação para dar uniformidade ao comportamento social que ficou conhecido como Código de Hamurábi.

O médico trabalhava enquanto fosse bem sucedido, quando então recebia 10 shekels em dinheiro por ter feito uma grande incisão com uma faca de operações e curado o paciente ou aberto um tumor (em cima do olho) com uma faca de operações e salvo olho. Todavia, tinha as mãos cortadas se o resultado fosse a morte do paciente ou cortasse o olho.

Muitos séculos depois, o médico inglês Thomas Percival (1740-1804) introduziu a validade de um código  normativo e unificador da prática médica em prol do profissionalismo.

O empenho pelas boas práticas e não o resultado do aplicado é ponto essencial de referência contemporâneo do comportamento ético do médico. As mãos do médico sustentam a metáfora da responsabilidade, o paciente “está nas mãos do médico” que enfeixa o princípio fundamental II- O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional do Código de Ética Médica vigente.

A falta ética – ajustada à época- de um agente moral da medicina desvirtua o exercício profissional, e neste sentido de desvirtuar – depreciar a virtude- enfatiza  o valor das virtudes para orientar e dar qualidade à vida profissional.  A beira do leito é vitrine das virtudes como moral aplicada.IndiceSponville

Como matérias-primas da prática ética, as virtudes consolidam-se pela repetição, pelo hábito, pelo costume. É a vivência no cotidiano que permite ao profissional da saúde qualificar o seu profissionalismo como virtuoso e que tanto ajuda a lidar com os talvezes que habitam a conexão médico-paciente.

O comportamento virtuoso é condição sine qua non para que haja plena conformidade da recomendação que fazemos ou aplicamos ao paciente com o que se passa em nosso interior, autenticidade em relação às boas práticas profissionais.

Se por um lado, nosso empenho com a excelência nos métodos tem limitações nas reciprocidades biológicas que provocam intercorrências, sequelas, óbitos, por outro lado, nosso empenho com as virtudes não deve sofrer nenhuma influência negativa. Nem de dentro nem de fora.

O paciente certamente prefere um profissional da saúde que atua de modo consciencioso sempre, não ocasionalmente ou quando é vantajoso, ou seja, o que tem e mantém bons hábitos. Infelizmente, vícios na beira do leito também se manifestam por atos habituais e aí a Bioética tem muito a contribuir para a preservação da conduta ética.

Delegado do CREMESP por vários anos, conheci muitos colegas aflitos pelas reclamações, e aprendi com eles que grande parte dos casos em que havia realmente indícios de infração ética carecia de algum comportamento virtuoso. Reforçou-me que o imperativo de consciência profissional energiza-se em virtudes.

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