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844- Rotina de ferro

Rotina de Ferro por [David Grinberg]

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Rotina de ferro é daqueles livros que já prende a atenção desde a capa. Sua fluência narrativa provoca um envolvimento legítimo com o si mesmo do David. Escancara credibilidade no acordo entre autor, narrador e personagem expondo uma relação de identidade entre pessoa, profissional e esportista. É autobiografia que entusiama na riqueza das entrelinhas de uma experiência de vida e na estética das imagens que vão se compondo naturalmente no leitor à medida que os fatos avançam.

Rotina de Ferro é escrito por um jovem com 40 anos de idade que sempre fez questão do 24/7 vividos em qualificação positiva. Quando ficou doente, fortemente ameaçado no seu eu e necessitado de um tratamento intenso e por alguns meses seguidos, David submeteu-se a dois testes de capacitação individual: encontrar benefícios internos e externos e achar sentidos para a nova situação. Saiu-se vitorioso. Utilizou com efetividade remédios adjuvantes à medicina, quais sua apreciação da vida, suas potencialidades de personalidade, o amparo de pessoas próximas e das que se aproximaram e um conforto espiritual, tudo enfeixado numa sensação de controle vigorosamente apoiada em alicerces construídos desde a infância com fortes marcas do esporte. Uma missão com linha de chegada!

Está bem que Rotina de Ferro é um livro escrito por um filho e uma interpretação nunca é neutra. Um desconto sempre caberá, mas nada que possa reduzir a expressão impactante do texto sobre adversidade e superação. Em síntese, o valor da resiliência quando ressignificações da vida são necessárias ante um sério impacto na saúde. Uma ilustração vibrante de como  vivenciar os limites da capacidade do corpo pela dedicação apaixonada ao  esporte cria uma memória que pode funcionar como instrumento de autocoaching para buscar formas de atingir objetivos inesperados.

Resiliência é um termo da física sobre a capacidade de um material acumular energia quando submetido a uma tensão sem sofrer ruptura. Ele foi emprestado pela psicologia para análises sobre superação de situações adversas. David emprestou do esporte para lidar com a doença. Mais do que um empréstimo, uma doação de si para si mesmo.

Resiliência insere-se numa visão de coragem criativa para manejar as mudanças, especialmente as abruptas. Novas formas de ser e estar causados por contatos que despertam alertas em meio a revoltas, ansiedades e sentimentos de culpa e provocam rumos biofílicos. A exigência da máxima vitalidade em novos encontros onde valem as realidades da experiência pessoal para que as batalhas resultem em imagens de quedas para cima.

Traços da personalidade e aquisição de um interior resiliente por meio de precedências de objetivos estão entre as explicações para a intensidade de resiliência demonstrada por uma pessoa perante a adversidade. No caso exposto em Rotina de Ferro, há clareza sobre o valor do perseguir ano após ano um objetivo de natureza esportiva. Evidentemente, tudo poderá estar interligado, um traço de personalidade em feedback com uma obstinação por um objetivo, mas a mensagem é o quanto é importante a pessoa vivenciar de fato uma analogia: o desvelo de acordar às 4h30 da manhã no frio para treinar e conviver com dores e fadiga musculares com a dedicação a etapas do tratamento apesar de sequentes desconfortos. Em suma, a convicção inabalável que o cumprimento da estratégia bem formulada faz atingir o momento da ultrapassagem pela linha de chegada, quer represente uma medalha no peito ou a saúde por todo o corpo. Superposição de perspectivas!

Rotina de Ferro é uma narrativa de interesse da Bioética da Beira do leito, especialmente, pelo aspecto adaptativo dinâmico, o reequilíbrio alinhado ao significado e propósito da vida e que inclui otimismo, sentido de harmonia, autoestima, flexibilidade cognitiva e espiritualidade. Em outras palavras, persistir fora de zonas de conforto e manter razoável qualidade de vida cuidando da preservação da saúde mental.

Rotina de Ferro faz  lembrar a importância do reconhecimento das próprias potencialidades tão logo alguém possa se recobrar do nocaute de um diagnóstico de câncer, especialmente, num momento de auge pessoal e profissional. Também do mérito pelo já vivenciado para dar a confiança em si próprio, a sabedoria da solicitação de ajuda a quem é mais capaz para a circunstância, tudo isto vislumbrando um horizonte otimista. Afinal, quem já cruzou várias linhas almejadas de chegada está condicionado a repetir a dose.

De certa forma, Rotina de Ferro registra um outro lado da beira do leito. Expõe o paradoxo de um doente estar saudável porque responde mentalmente com fibra porque aprendeu a lidar com fortes impactos sobre o seu corpo. Ademais, o paradoxo de a involução objetivada de algo tão palpável como gânglios caminhar passo-a-passo com a evolução de algo tão subjetivo como o crescimento e fortalecimento da congruência entre o que se é e o que que se quer ser.

Segundo o filósofo André Comte-Sponville (nascido em 1952), quando podemos fazer, trata-se de querer. A fim de encarar o adverso e encontrar recursos. o aprendizado cuida para ao invés de espalhar barreiras que seriam inócuas, desejar forjar pontes com mão única de direção com o melhor do seu eu, relações familiares, rede de amizades e de coleguismo laboral para a travessia num sentido vantajoso. Tudo sob a expertise dos profissionais da saúde.

Evidentemente, o simbolismo do Iron Man na plataforma da resiliência modelada nas renúncias ao conforto dos treinamentos físicos, cabe ser expandido para a equipe de profissionais da saúde, ajustada para update competência (conhecimento+habilidades+atitude) e profissionalismo e articulada com excelência de infra-estrutura do sistema de saúde. Fármacos específicos, procedimentos coadjuvantes e autotransplante para remate, o objetivo final da “pega” fatiado em objetivos menores para melhor compliance à semelhança do utilizado na competição esportiva.

Rotina de Ferro é a história de uma pessoa. Só dela pelas particularidades. Como biografia, entretanto, ao revelar o humano, abrange mais pessoas e vale para muitas outras. Certamente, reproduz a seu modo  histórias  de circunstâncias análogas.

Rotina de Ferro é contribuição inestimável para futuras situações parecidas a que o ser humano está sujeito. É leitura límpida, tocante e motivadora da próxima página que serve de estímulo para  cada um fazer emergir de dentro de si seus dons de superação.

Lembremos Dwight David Eisenhower (1890-1969): O sucesso depende da identificação segura de um objetivo e  do cuidado para que tudo o mais se submeta a este objetivo.

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