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824- Uma (in)formação contínua (Parte 2)

DiálogoA construção dos líquidos 120 minutos de atendimento sobre uma plataforma de diálogo entre médico e paciente, ao favorecer a compreensão mútua (flexibilizações, inserções e eliminações) contribuiu para compor pari-passu a legitimidade dos  atributos livre e (bem) esclarecido ao Sim final, expressão do direito à autonomia pelo paciente a respeito de suas necessidades de atenção à saúde.

Ademais, reforçou a essência moral da medicina, que a conexão médico-paciente não pode acontecer pelo médico ou pelo paciente isoladamente.

A reciprocidade do Eu-Tu  (Eu sou seu médico, tu és meu paciente/Eu sou seu paciente, tu és meu médico) com interações ajustadoras entre muitas medicinas, muitos médicos e muito pacientes contribui para lidar com indeterminações – ausência de significado- e ambiguidades – mais de um significado.

No caso, foram 120 minutos de médico captando a doença e aspectos da história de cerca de 40 anos de vida do paciente e este captando recortes da medicina nada fáceis de apreender com a profundidade necessária e o estilo profissional do médico. As verbalizações Desenhos para colorir. Imprimir e pintar. Ampulhetado médico facilitaram a compreensão pelo paciente das oscilações de suposições – mais preocupantes, mais aliviadoras- que foram acontecendo à medida que dados eram identificados, como costuma acontecer no trabalho com hipóteses. Portanto, uma associação ao fio da meada pelos meandros de um diagnóstico exigente de aprofundamentos em prol da mais adequada fundamentação da conduta terapêutica. A persistência da conexão dialógica fez com que médico e paciente pudessem se comunicar no mesmo idioma e captarem o “dialeto” do outro.

O rigor tecnocientífico aplicado com flexibilidade humana pela manutenção de um diálogo médico-paciente ajustador ao longo do processo investigativo dá um ritmo ético ao processo de tomada de decisão, principalmente porque permite a integração que é possível entre o formalismo de regras, códigos e leis e o informal que preenche as individualidades de cada conexão médico-paciente. Azeita-se o Sim final ou junta-se matéria-prima para o Não final reduzindo sua manifestação circunstancial e superficial comprometedora do livre e esclarecido.

A Bioética da Beira do leito entende que a construção progressiva e explícita do consentimento – ou não – pelo paciente à recomendação médica corresponde a uma equação, em seu sentido de desfazer as dobras da complexidade, onde a resolução requer ora uma soma, ora uma diminuição, ora uma multiplicação e ora uma divisão. Melhor, portanto, que se evite, sempre que factível, realizar todas estas operações em único momento decisório de evidente exacerbação emocional.

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