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768- Negociação

Um Comitê de Bioética mantém-se às ordens para cooperar na resolução de conflitos da conexão médico-paciente. Entretanto, pela missão pedagógica, ele procura capilarizar na instituição de saúde o desenvolvimento de diálogos francos entre as partes que possa tornar desnecessária a participação de um intercessor versado em Bioética. Que cada um, médico e paciente, atuem aplicando o que a Bioética incorporou do natural da condição humana, como a propensão para a solidariedade.

É tradicional na beira do leito que médico e paciente interajam. Anamnese, orientação terapêtica e consentimento  são reciprocidades no entorno de necessidades e possibilidades que buscam consonâncias diretas entre médico e paciente. Podemos denominar de negociação, um termo cuja semântica capta certa rejeição na área da saúde, mas que expressa com clareza um total controle sobre o desenvolvimento de eventuais ajustes.

Uma negociação médico-paciente convive habitualmente com assimetria mútua de informações, já que, habitualmente, o paciente não conhece medicina e o médico conhece apenas superficialmente a pessoa do paciente. Por isso, a negociação na beira do leito pode ser entendida como um misto do tipo baseada em interesses, ou seja, com oportunidade de maximizar os interesses mútuos e do tipo posicional, na medida em que especialmente a cooperação do médico está limitada pelo seu imperativo de consciência em relação ao estado da arte da medicina.

Os diálogos que incluem o ouvir-se falar para não dominar o tempo disponível e o ouvir-se ouvir para evitar dispersar-se na atenção e que fazem transparecer o máximo de informações e esclarecimentos por ambas as partes têm a chance de fazer complementações tecnocientíficas e pessoais até então não consideradas ou pouco consideradas.

Desta maneira, o vaivém dialógico é sempre bem-vindo e contribui para agregar/eliminar/lapidar elementos para um acordo que possa satisfazer as necessidades de sáude do paciente sem prejuízos maiores à excelência da aplicação da medicina, às vontades do paciente e à consciência do médico.

A Bioética da Beira do leito destaca que o encontro de um ponto ótimo de negociação em que há a sensação de um ganha-ganha costuma proporcionar um efeito extensivo à conexão médico-paciente. De fato, além da continuidade do atendimento, insere na memória que há vantagens na manutenção daquela conexão específica. Há um ganho de confiança numa disposição recíproca para futuras resoluções de conflitos entre aquele médico e aquele paciente, quer no mesmo atendimento, quer em subsequente.

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