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730- Régua de risco (Parte 2)

Risco 111IndicaçãoQuando algarismos sustentam uma definição de risco biológico proibitivo a um procedimento conceitualmente beneficente, o caminho por algoritmos mentais levam ao destino da contraindicação.

Quando se constata uma perda de oportunidade para dominar uma inexorável evolução da história natural de uma doença comprometedora da sobrevida, desenvolve-se uma complexidade de ordem moral. Contraposições de aprovação e de desaprovação surgem pela apreciação de uma pluralidade de circunstantes. Arriscar ou não arriscar, eis a questão que transcende os limites das evidências aconselhadoras.

No processo de tomada de decisão perante um escore de risco passível de ser classificado como proibitivo, é vantajoso cuidar do significado dos termos para qualificar o método em questão. Assim, temos simultaneamente, uma indicação que persiste conceitualmente e que está focada na morbidade que se cogita tratar e uma contraindicação fundamentada nos aspectos globais do paciente.

Na circunstância do risco proibitivo não cabem nem o termo não indicação, pois não se pode falar em ausência de beneficência, nem o termo indicação contrariada que deve ser reservado para quando houver o não consentimento do paciente a uma indicação com risco aceitável de malefício pela óptica médica.

Por mais calos que a sensibilidade profissional possa ter, é angustiante a participação no processo de negação da chance de um benefício que o progresso da medicina agora consegue disponibilizar. Por exemplo, a  morbidade primária poderá ser resolvida – uma próstata com tumor será removida com sucesso local, uma prótese aórtica será implantada determinando ótimo funcionamento local-, porém, demais componentes do corpo reagirão mal às invasões anatômicas e funcionais necessárias pelo procedimento e o resultado global será um grave dano.

Apesar da angústia profissional, fica necessário respeitar a ética da responsabilidade aplicada à comparação da situação clínica identificada no paciente com a experiência acumulada transformada em banco de dados e que resultou num excesso de probabilidade de complicações graves/morte causadas diretamente pelo procedimento.

Este potencial da beneficência na visão isolada do método com sério obstáculo a sua realização como benefício global para o paciente- risco proibitivo- é observado, mais habitualmente, em paciente idoso com fragilidade acentuada cuja doença em cogitação associa-se a comorbidades de peso clínico.

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