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715- Pater (Parte 1)

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Estamos vivenciando uma posição antipaternalista na beira do leito. Uma oposição à atuação do médico de pretender beneficiar o paciente entendendo  que este não possui capacidade mental para fazer escolhas tecnocientíficas fundamentadas.

Há três aspectos considerados negativos no paternalismo atuante na beira do leito.

  1. Interferência coercitiva nas escolhas do paciente  feita pelo médico;
  2. Intenção do médico distinta da do paciente;
  3. Entendimento pelo médico que o paciente (capaz) não tem capacidade para tomar decisão.

Há poucas décadas, esta tríade era praticada com aval deontológico, inclusive esperada e cobrada para o bem do paciente. Atualmente, ela é interpretada como abuso. Surgem, então, duas questões ante a transformação de raiz ética: A visão contemporânea exigente da participação ativa e respeitada do paciente no processo de tomada de decisão  deve abrigar a mudança radical qualquer que seja a circunstância do atendimento?

A ascensão da autonomia na beira do leito migrada da pesquisa contribui efetiva e moralmente para encaminhar o benefício e reduzir o malefício? Para início de conversa, a autonomia pode ser negada ao paciente em iminente risco de morte evitável e quando ele estiver incapaz cognitivamente.

Convido o bioamigo a fazer algumas reflexões, afinal é sempre útil realizar ginástica de neurônios para condicionar as sinapses. No processo de atendimento ao paciente, o terceiro item acima relacionado entendimento pelo médico que o paciente (capaz) não tem capacidade para tomar decisão, não seria necessário, pelo menos no seu início e especialmente em pacientes desacostumados em participar de conexão médico-paciente?

Evidentemente, não será um insulto à pessoa do paciente reconhecer a incapacidade, não no ato do raciocínio, mas, pela carência de matéria-prima para praticar as ponderações. Desde Hipócrates (460ac-370ac) há o contexto da impossibilidade do autoconhecimento pelo paciente-leigo.

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