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703- Na beira do leito, adversidade é uma questão da prudência e da coragem (Parte 2)

A gravidade da manifestação clínica é aspecto da doença com relevante conotação ética. Ela costuma ser subdividida didaticamente em leve, moderada e grave. Nem sempre, contudo, fronteiras criteriosas podem ser identificadas. As infinitas nuances da gravidade clínica têm na Bioética uma fonte transdisciplinar de análise sobre prós e contras para tomada de decisão, desde uma tão soemnete observação atenta da evolução até um procedimento emergencial.

Objetividades e subjetividades incidem sobre a apreciação da gravidade e se enroscam em muitas situações reais. Dissociações de avaliação entre médico e paciente são do cotidiano. Acresce que determinada manifestação biologicamente classificável como leve – sonolência diurna- adquire maior gravidade na individualidade do paciente, por exemplo, uma influência na atenção em certas profissões – motorista profissional. Por outro lado, uma adversidade grave pode ser um risco obrigatório para almejar uma sobrevida altamente comprometida pela doença.

A gravidade da adversidade terapêutica é um capítulo especial pelo emolduramento ético, moral e legal atrelado a uma prescrição com responsabilidade profissional. As características dos efeitos adversos são variáveis para cada tipo de fármaco, e, quaisquer que sejam, elas demandam o uso da prudência visando a respeitar ao máximo o princípio da não maleficência.

Na prescrição de um fármaco validado há de se considerar reações farmacodinâmicas – interações com outro fármaco, hipersensibilidade-, toxicidade – excesso de dose ou deficiência metabólica e de excreção-, teratogenia e dependência- psíquica, associada ou não à física. Todas carregam potencialidades de representações de imprudência e de negligência. A prudência pode ser praticada numa simples anamnese sobre relação de fármacos em uso, passados adversos e  possibilidade da mulher estar grávida.

No cotidiano da beira do leito, indagações do paciente como posso tomar junto com outro medicamento ou com alguma bebida ou alimento? ele pode fazer mal? posso ficar viciado? ilustram  o grau de preocupação do leigo com adversidades e a necessidade do esclarecimento pelo médico. Adicionalmente, elas servem de gancho para estratégias de apoio à adesão pelo paciente.

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