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696- Médico de verdade, médico da verdade (Parte 1)

Outro dia, deparei-me com a questão: ser médico de verdade é ser médico da verdade? Confesso que neurônios se embaralharam num labirinto de pensamentos. Uma hipótese diagnóstica plausível que inclusive sustenta uma conduta terapêutica persiste genuína até ser eventualmente eliminada, não houve mentira ou falsificação, apenas não se tornou confirmada. Reforcei que na beira do leito, o significado de verdade alinha-se ao conhecimento disponível.

Ponto fundamental da reflexão ética é que o médico não deve despencar para o uso de mentira – embora na prática, será que o bioamigo nunca disse uma mentirinha compassiva para o seu paciente? É o entorno da verdade que deve ser apreciado, pois se por um lado o de verdade é redundante – não seria um médico-, o da verdade colide com dificuldades de exatidão em clínica e em ciência, onde sucedem-se muitos reajustes e um sem número de perplexidades (elas transbordaram em mais de 50 anos de profissão). O médico verdadeiro está constantemente atento às realidades tanto ás precisas quanto às imprecisas.

Por mais que a busca incessante de recomendações com superior utilidade e eficácia sustentada pela medicina baseada em evidências – a verdade de plantão-  provoque uma certa padronização da medicina, é indevido falar que médicos formam uma categoria como expressão de um todo homogêneo na beira do leito.

A individuação em seus vários matizes humanos e técnicos impede que haja uma única e verdadeira forma de ser médico. Em outras palavras, há  inúmeros tipos de médicos de verdade. É mais adequado considerar que há modos de o médico ser verdadeiro. É um dos simbolismos admissíveis no número de CRM, cada um tem o seu e honra ao jeito que se faz necessário numa moldura ética, moral e legal. Cada conexão médico-paciente terá suas verdades, explícitas ou sigilosas.

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