PUBLICAÇÕES DESDE 2014

676- Anuência do menor de idade (Parte 1)

A Bioética interessa-se pela incorporação da moral no ecossistema da beira do leito, seus velozes acréscimos e substrações que dão significados às interações entre os bióticos, especialmente nas realidades da conexão médico-paciente.

Vivenciamos tempos de ênfases em intermediações. Em meio a literatura científica e o médico destaca-se uma ultraconcentração de diretrizes clínicas disponibilizadas por modernos instrumentos abióticos. Máquinas, como os computadores, facilitam a substituição do saber em primeira mão desde a literatura para a credibilidade em composições de validações.  Em decorrência, o aspecto tecnocientífico da moralidade na beira do leito carrega forte natureza heteronômica. Cogita-se que a extensão do ser humano pela inteligência artificial na beira do leito possa acentuar o caráter heteronômico e desestimular a prática do direito à autonomia. Novas interações entre máquinas impositivas e sujeito moral dono de si.

A segunda idade é o período onde as turbulências do trânsito do direito do paciente à voz ativa e eventuais contraposições ao crédito em máquinas sempre tiveram maior atenção. Mais recentemente, a terceira idade ganhou espaço entre temas de Bioética ligados ao direito à autonomia no envelhecimento e na terminalidade da vida. Cresce o interesse pela engenharia reprodutiva com seus desafios morais ainda pré-primeira idade. É de se supor que a primeira idade não fique de fora de conjecturas sobre significados morais de uma voz ativa sobre necessidades de saúde.  Algo como uma anti-síndrome de Peter Pan.

Não faltam estímulos – especialmente por intermediação abiótica- na vida contemporânea para desenvolvimento de um autogoverno ao longo da primeira idade que tende a construir uma moralidade de natureza autonômica com redução de distâncias ao por conta própria do adulto. Uma ascensão de pensamentos divergentes que direciona para uma queda do valor da intermediação pelo responsável legal entre o menor de idade e o médico.

Circunstâncias pessoais (personalidade, caráter e temperamento), de saúde (vivências com períodos de doença) e ambientais (doenças em familiares próximos) vão moldando o sujeito-paciente moral, suas relações com valores e regras prescritas na sociedade. Subjetividades e objetividades ganham pesos internos e as decisões sobre a própria gestão da saúde sofrem influências multidimensionais precisando conviver com prescrições distintas, as do médico, da família, da lei, da religião, etc…, caracterizando uma autonomia de relação.

(Continua na parte 2).

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES