PUBLICAÇÕES DESDE 2014

672- Prover Bio

Provérbios são aplicáveis à beira do leito. Eles trazem ensinamentos sobre valores, significados e comportamentos na integração entre tecnociência e humanismo, tradição e inovação e vida pessoal e profissional no exercício da medicina.

A Bioética da Beira do leito reconhece que as proverbiais frases curtas, simples e atrativas da cultura popular legitimadas pelo tempo têm o poder de orientar tanto o jovem médico quanto o jovial médico de qualquer idade nos passo-a-passos do desejável nível de comprometimento com o profissionalismo.

Destaco uma coleção de aplicabilidade para o médico:

 Bons hábitos se fazem resistindo a tentações

Bons hábitos profissionais na beira do leito referem-se à integração de normas éticas e legais e preceitos morais numa moldura tecnocientífica sempre renovada e humana. Tentações são conscientes e provocam uma tomada de decisão onde os costumes adotados segundo as melhores práticas contrapõem-se às vontades sedutoras com potencial de serem caracterizadas como antiéticas, ilegais e/ou imorais. Exemplos de tentações são os conflitos de interesses e os ganho secundários que incluem zonas cinzentas entre o aceitável e o proibitivo e exigem do médico a consciência trabalhando atenta em permanente plantão para os bons hábitos.

 Analise o que lhe é dito, não de quem vem 

Juízos moralizantes que pressupõem conduta errada do paciente porque não estão consonante com os valores do médico não cabem na beira do leito. Médicos devem reagir profissionalmente no sentido das necessidades de saúde do paciente independente de rótulos eventualmente passíveis de aposição em função de comportamentos.  Tanto pacientes  condenados pela Justiça como pacientes que não aderiram às recomendações médicas merecem a mesma acolhida profissional dada a quem possa estar exemplo de virtudes.  Juízos moralizantes não devem nem ensurdecer nem distorcer a captação das palavras da anamnese, por exemplo. Aliás, jamais devem obscurecer a qualidade de todas as composições da conexão médico-paciente.

 Não se aflija de crescer profissionalmente lento, tema ficar parado + O que pode ser feito a qualquer hora nunca será feito + Caia sete vezes, levante oito 

Inovações cada vez mais aceleradas exigem atualizações do médico. A enorme bagagem da formatura logo torna-se uma maleta e tende a se tornar uma bolsa de festa rapidamente.  O ritmo dos aperfeiçoamentos profissionais deve ser, entretanto, compatível com as possibilidades. Cada médico tem suas oportunidades e influências. Aquele que faz parte de um Serviço universitário costuma estar mais próximo da última novidade. Congressos, simpósios, jornadas e cursos, além da aproximação direta à literatura médica, permitem ao médico entrar em contato com novas realidades e modificações de tradições, facilitando uma razoável periodicidade de etapas do crescimento profissional.

Perguntar poderá dar a sensação de ignorância por cinco minutos, mas não perguntar fará permanecer  ignorante para sempre + A pedra preciosa precisa da fricção para polimento, o homem aperfeiçoa-se na esfrega das experiências + Para saber sobre a estrada adiante, pergunta a quem volta + Quando você ensina você aprende

Pela complexidade da medicina, cada eliminação do desconhecimento conscientizado reduz as inseguranças do médico  frente ao paciente. Assim, é no árduo contato com as necessidades do paciente que o médico lustra a experiência. Ter supervisão por quem tem a experiência de fato vivenciada com o paciente é fundamental no aprendizado. Por outro lado, o bom mestre costuma ser consciente que o exercício da explicação e da demonstração evidencia próprias lacunas e imprecisões, contribuindo para a lapidação da expertise. A beira do leito é sala de aulas em dupla mão de direção, inclusive para o paciente. Manter-se  profissional qualificado significa estar ativo e ser persistente na curva de aprendizado do manejo de cada método que pretenda aplicar no paciente.

Se você acredita em tudo o que lê, é melhor parar de ler + O outro lado também tem um outro lado 

Todos os dias, a literatura médica despeja centenas de artigos de distintas matizes, desde editoriais clínicos até pesquisa básica. Os conteúdos costumam levantar polêmicas e contradições, muitos contém ressalvas de limitações do estudo. Cada leitura é, idealmente, uma releitura crítica. De uma maneira reducionista, é lícito afirmar que a medicina baseada em evidências formatou uma filtragem por meio das diretrizes clínicas. Assim, os provérbios têm sido atendidos, inclusive, pela praticidade em função da falta de tempo para aprofundamentos. Todavia, as recomendações das diretrizes clínicas não dispensam ajustes para conciliações com realidades contrapostas.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES