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663- Pensamento e linguagem (Parte 1)

São 22 anos de reforço: cada contato que faço com a beira do leito aplicando a Bioética frente a repetidas questões moralmente complexas adverte-me sobre a permanente necessidade de aperfeiçoamento do pensamento e da linguagem para compor respostas inteligíveis  para todos. Quem pratica, há de concordar. O ritmo com que se sucedem transformações da medicina e da sociedade requer ajustes de atitudes profissionais ainda com insuficiente amadurecimento. A literatura da Bioética acumula tanto interrogações sobre o habitual quanto sugestões para mudanças radicais que colocam em xeque rotinas culturais.

Os mergulhos nos desafios ao emprego destes dois componentes da cognição facilitam a compreensão de como fazer acontecer a boa convivência almejada entre distintas ordens de autenticidades de bióticos e abióticos e respeito às individualidades no ecossistema da beira do leito.

Qualquer comportamento profissional análogo ao de piloto automático – hierarquização do passado pela priorização da memória- é desaconselhá face às inúmeras formas de reatividade às escolhas em conflito. A memória é fonte para re-produzir com manejo de ajustes.

Reações sem muito pensar e destituídas de uma linguagem conveniente para a ocasião comprometem  a capacidade de lidar com as limitações (os contras) e as expansões (os prós) específicas postas no encontro conflituoso. Elas arriscam a obtenção da máxima integração possível ao final de percurso da tomada de decisão.

Ambiguidades e incertezas, tão habituais na beira do leito, fazem lembrar a figura do labirinto. A coleção de diversidades de conexão humana no entorno da medicina dá a convicção que qualquer cooperação para a saída dos labirintos que são construídos com os elementos dos conflitos carece de um personalíssimo fio guia de Ariadne- tanto quanto possível made in Bioética. Pois, nem mesmo a descrição da vida na ilha denominada de Utopia por Thomas Morus (1478-1535) estimularia dispensar a Bioética, pois a visão do ideal admite perspectivas,entre elas a de distopia. Asim, haverá de ter sempre topos com exigências de Bioética, não importa o prefixo agregado.

Aprendi na juventude que para traçar o caminho num labirinto desenhado num passatempo deveria começar na saída e prosseguir até o início pelas únicas possibilidades delineadas. Altamente resolutivo, embora reducionista quanto ao propósito lúdico. É estratégia que ajuda na beira do leito para organizar o raciocínio. Partir desde as realizações em direção às potencialidades facilita conceber os pensamentos e a linguagem sobre benefícios e malefícios cogitáveis. A marcha-a-ré no labirinto traz o simbolismo que não há um sentido único na busca de resoluções.

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