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659- Complexidades (Parte 3)

As complexidades da medicina contemporânea incluem a xifopagia do benefício com o malefício em mesmo método. A história da Medicina revela que o cuidado com o malefício – vale dizer com a contramão da missão do médico- é preocupação congênita pois vem desde Hipócrates (460ac-370ac).

Mesmo o aparente simples ganha nível de complexidade porque não pode se livrar do potencial de se tornar fonte de adversidade sem nenhuma evidência de erro profissional. Há o excesso de malefício em intenções de benefício que desaconselha a aplicação e há o malefício de fato acontecido após uso plenamente justificado.  Pesquisas clínicas são eventualmente interrompidas pela gravidade de malefícios e doses terapêuticas são ajustadas em função de intensidade de efeitos colaterais. Pais não vacinam seus filhos em nome da prevenção de algum malefício que entendem hierarquicamente superior ao do benefício da imunização. A complexidade é multidimensional.

A obrigatoriedade do aviso prévio ao paciente sobre a possibilidade de algum dano como intercorrência ou como parte inevitável da conduta alimenta a lógica da obtenção do consentimento livre e esclarecido. Nada mais necessário. Entretanto, não infrequente, utiliza-se mais tempo para informar o rol de males possíveis do que para esclarecer as vantagens da recomendação. Numa linguagem moderna, a manifestação sobre os males não cabem num twitter como cabem as justificativas da recomendação.

Uma pitada da chamada medicina defensiva, a assinatura do Você não poderá dizer que não sabia  e um efeito terrorista de bula são priorizados. Eles ganharam o status de obrigação ética que não se vê em relação às  informações sobre a expertise dos profissionais, a qualidade de materiais e a taxa de infecção hospitalar.  As luzes e as sombras do direito do paciente de ser esclarecido para sustentar sua voz ativa são fontes contemporâneas das complexidades da medicina, resumíveis como calidoscópicas, mexidinhas ou não mexidinhas nos fragmentos determinam modificadas imagens.  A recomendação  da Bioética é clara: que haja treinamento!    

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