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614- Não faltam tons de cinza na beira do leito (Parte 2)

Conexão BLlivroHá assim, a chance de uma apreciação ética distinta na dependência do local onde se dá o não consentimento. No caso ambulatorial é como se fosse um auto não consentimento, o paciente não concorda consigo mesmo em se arriscar em função de suas antecipações sobre adversidades, ou seja, ele substitui uma indicação por uma contra-indicação por critérios pessoais.

A recusa domiciliar tem menor probabilidade de sofrer uma mudança por influência do médico em relação ao ambiente hospitalar. O direito à autonomia pelo paciente em sua residência está aliado à privacidade e distante de um re-esclarecimento tecnocientífico. Não há uma vigilância profissional a ser responsabilizada por omissão. Novas tecnologias que embutem sensores nos comprimidos podem ser defensáveis para identificar eventuais falhas de uso por pacientes com certas deficiências cognitivas, não para censurar recusa consciente.

Sem dúvida é infrequente a recusa hospitalar ao cumprimento de uma prescrição médica,  em geral são situações pontuais determinadas por mal-estares momentâneos. Contudo, cada caso mais exemplar traz complexidades éticas e legais que promovem críticas contraditórias e distintos níveis de aceitabilidade. O pleno direito à autonomia do paciente balança nas ondas da responsabilidade profissional agitadas pela consciência do médico. Fica polêmico qualquer enquadramento no direito de revogação do consentimento por parte do paciente no decorrer da rearrumação do desorganizado no organismo do paciente por uma cirurgia, por exemplo.

A Bioética da Beira do leito entende que treinamentos em simulados da situação são úteis para subsidiar o jovem médico com elementos práticos éticos, legais e, especialmente de comunicação, e assim contribuir para que ele construa uma plataforma de atitude que permita um apoio facilitador para lidar com os tons de cinza que tingem os  conflitos.

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