PUBLICAÇÕES DESDE 2014

603- Literatura cabe na Bioética

Comunidades da bioética são escassas no Brasil. As mais comuns, representadas em Comitês, caracterizam-se por membros de vários ramos profissionais com maior densidade nos de Saúde que compartilham uma cultura crítica e normativa, onde se destaca a atenção a valores, ética, eticidade, moral e legalidade.

A baixa densidade demográfica, considerando a continentalidade do Brasil, representa uma proporção liliputiana.

Façamos uma comparação: o adjetivo liliputiano faz parte do nosso vocabulário a partir de uma denominação totalmente criativa de um escritor de romance  não brasileiro do século XVII-XVIII, insatisfeito com divergências entre Inglaterra e França. Não há raiz grega ou latina. O substantivo bioética está à disposição para uso na medicina a partir de uma origem criativa de um profissional da saúde insatisfeito com impactos da ciência sobre o humanismo. Criou-se um neologismo com raízes gregas. Ambos termos nos estimulam a calibrar nossa escala de valores, a criar sentidos a nossas vivências, a pensar a diferença que nos cerca.

Liliput é uma comunidade diferente porque seus habitantes têm baixíssima estatura e o seu criador é o irlandês Jonathan Swift (1667-1745) ao escrever  o livro Viagens de Gulliver (1726). A Bioética cataliza uma comunidade que se distingue pela valorização da transdisciplinaridade, razão para considerar a literatura sempre bem-vinda, a perspectiva de alguma contribuição prática.

Destaco 7 passagens relacionadas à primeira viagem do personagem Lemuel Gulliver, um cirurgião britânico embarcado  no navio do capitão Willian Prichard, que após uma tempestade torna-se um náufrago e vai viver as aventuras na ilha de Liliput.  A reflexão de analogia é para um Comité de Bioética.

  1. É melhor conviver com Gulliver do que o eliminar.
  2. Cada habitante precisa dar sua contribuição para o sustento de Gulliver.
  3. Gulliver ganhou concessão de liberdade no território desde que não pisasse nas pessoas.
  4. Gulliver logo começou a se familiarizar com a linguagem local.
  5. Ocorre um conflito com outro povo do arquipélago e Gulliver comanda a vitória.
  6. Gulliver até faz amizade com o inimigo, dando-lhe certas razões.
  7. Gulliver apaga incêndio na corte, mas não fica bem-visto pelo estranho método que usa.

Para os interessados, há um resumo do livro em http://viagensgulllliver.blogspot.com/2011/05/o-resumo-do-livro-das-viagens-de.html.

Evidentemente, a estatura que pode diferenciar um Comité de Bioética dos demais profissionais do território onde ele atua é, tão somente, de natureza operacional, pois se faz alinhada com a cultura vigente, respeitosa a valores, ética, moral e legalidade.

A altura da contribuição está, especialmente, nos dons da combinação entre pensamento crítico, pensamento sistêmico, originalidade em ajustes de valores e agilidade das integrações na cultura institucional para usufruto de todos. É a possibilidade do uso de um tempo reflexivo, crítico e normativo que, habitualmente, os demais habitantes do território não dispõem por estarem ocupados com a rotina altamente subordinante.

 

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES