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602- Respeito ao Pai

Hipócrates é o pai da medicina. Não há registro sobre a mãe. A primeira mulher na medicina demoraria 24 séculos para surgir.

Médicos são filhos adotivos do grego da ilha de Cós que afastou o poder prescritivo dos deuses, mas, por via das dúvidas, jurou por alguns deuses e tomou todos eles como testemunhas de sua promessa profissional.

Filhos devem respeito ao pai, o que não conflita com se distanciar levado pelas circunstâncias da vida.

O respeito ao pai Hipócrates está simbolizado no juramento habitual da formatura do médico brasileiro. O distanciamento foi pequeno até o século XX, quando, então, o arquétipo profissional moldado no uso dos órgãos dos sentidos se viu diante da concorrência da tecnologia desenvolvida com a inteligência, função que tem sido, mais recentemente, transferida para o produto final. Quase expirou a imortalidade de Hipócrates.

O quanto de respeito e nível de distância o paciente do século XXI pretende dos médicos em relação ao simbolismo do pai imortal?  Um extremo de maquinaria de racionalidade nada a ver ou um extremo de ser humano acolhedor de sentimentos que pouco diferem dos inspiradores de Hipócrates?

Ambos, certamente. Importa a dosagem da combinação. Cada momento do atendimento tem a sua recomendável. Uma máquina salva o diagnóstico, uma palavra ressalva o humano da circunstância.

A Bioética da Beira do leito empenha-se em repercutir que o médico se lembre que respeitar-se a si próprio é o melhor caminho para dar e receber respeito e, também, que a aplicação da ciência é qual buraco, quando mais aprofundamos, maior fica.

As sucessivas proles de Hipócrates dão vida a sua imortalidade a cada ajuste de calibragem entre tecnociência e humanismo em prol da expectativa e qualidade de vida do paciente. A ética previne o perjúrio!

♣ Juramento de Hipócrates (Uma prévia da Bioética)

“Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue:

Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.

Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém.

A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.

Conservarei imaculada minha vida e minha arte.

Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.

Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.

Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.

Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.”

 

 

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