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568- Dialeto do caso

Conexão BLlivroPrecisamos trabalhar para que a beira do leito fale Bioética fluentemente. Objetivo ambicioso, mas admissível e vantajoso para a conexão médico-paciente. Muito!

Esta aquisição de  competência de comunicação na intimidade da clássica relação médico-paciente está relacionada à exposição – com palavras adequadas- ao paciente do pensamento e do conhecimento do médico acerca da medicina que está sendo cogitada e aplicada.

Pretende-se que a emissão estabeleça uma linguagem que provoque interesse no paciente para compreender, assimilar e utilizar, evidentemente, na devida proporção de seus recursos cognitivos. Teríamos, pois, um “dialeto” do caso, peculiar para os interlocutores, uma expressão verbal para a melhor conexão médico-paciente.

Nenhuma novidade que o paciente decodifique a sua maneira e que o médico perceba quais são os melhores termos para aquele paciente. Há uma coleção de termos que cumprem a sua função comunicativa, algo como uma licença científica para o entendimento e facilitação e adesão pelo leigo: “... anticoagulante para afinar o sangue…”, “… fazer uma raspagem na próstata…”, “… suspender a menstruação…”.

É notório também, que o paciente no decorrer de sua (s) enfermidade(s) vai ouvindo sucessivas “conversas de médico”, e, daí, adquire certo grau de capacitação para costurar pensamentos com algum alinhavo profissional, conhecer com traços do especialista e se expressar como um quê de “não leigo”. Assim fazendo, o paciente tem a oportunidade de compreender que medicina não é lá muito amigável nem com maniqueísmos – ou é benéfico ou é maléfico-, nem com reducionismos – ter saúde é não ter doença-, nem com suposições de verdades absolutas e duradouras.

O novo é o desejo dos adeptos da Bioética que o “dialeto do caso” contenha uma participação “filológica” da Bioética, ou seja, que ele seja influenciado, por exemplo, pelo significado dos princípios da beneficência e da não maleficência.

Em termos práticos, a fluência em Bioética contribui para a qualidade do alcance tecnocientífico das coisas da medicina por um leigo, especialmente, numa situação de acréscimo de vulnerabilidades. Vale dizer, coopera para que possa haver um nível de clareza de complexidades que sustente um consentimento pelo paciente a ser considerado de fato (bem)esclarecido.

Na visão múltipla a que se presta a Bioética, a valorização da biografia do paciente, o que ele viveu e o que se recorda, articula-se com o direito do paciente ao exercício da autonomia e, por isso, colabora para inserir no “dialeto do caso” análises e decomposições de antecedentes. Tais elementos são essenciais para a linguagem sobre as ocorrências de momento e sobre as perspectivas de prognóstico. Desta maneira, complementa-se a base de sustentação do consentimento para que se torne o mais autêntico possível.

 

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