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524- De absurdo em absurdo…

Absurdo é palavra ligada a surdo e refere-se a algo desagradável ao ouvido. Este efeito numa interlocução pode ser causado pelo pensar diferente, inclusive, “ao avesso”. Inclui algo na linha de a imaginação é mais importante do que o conhecimento (Albert Einstein, 1879-1955), uma fonte de conflitos de interesse da Bioética. Se pensar é livre, adotar o pensamento requer filtros para absurdos morais e legais. Mas, apreciações iniciais como absurdos podem ganhar elementos de coerência e de verdade. O desenvolvimento do heliocentrismo é um ilustrativo representante.

Pensamentos subversivos ao “impensável” sempre existiram e nunca desaparecerão do cerne de revoluções de qualquer natureza, inclusive, científica e cultural. Eles agitam e causam ou modificações (radiciais ou limitadas) ou reforço do vigente. Incluem verbalizações de absurdo! ou de como não pensamos antes!. Em tempos de convergências  entre clássico, inovação consolidada e novidade transformadora, são criatividades que provocam sensações de progresso ou de retrocesso. Em meio a fronteiras instáveis presentes num ecossistema como o da beira do leito , tais pensamentos produzem com maior ou menor sutileza ressignificados que tanto podem aliviar velhas tensões quanto fazer pressentir inéditas. Opiniões calcadas na tradição podem ser deslocadas em direção do “moderninho” e, por isso, análises críticas devem ser estimuladas.

Muitos destes pensamentos “reformistas” partem de premissas válidas e pretendem navegar na racionalidade das mesmas. Entretanto, as estranhesas habitualmente resultantes fazem eclodir reações diversificadas ancoradas por valores pessoais, formação moral e por vieses como o oportunismo para vantagens. Emissões e recepções marcam encontros que combinam expressões da inteligência, da vivacidade, da adaptação  humanas  perante circunstâncias. Nem sempre fica claro de que lado devemos ficar em nome da ética.

Um exemplo do exposto é a chamada de publicação https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/bioe.12502 , o que vale dizer que a proposição passou bem-vinda por barreiras editoriais. A premissa do artigo é que sigilo deve ser respeitado (Algum bioamigo contra?). A “subversão” é conjecturar infanticídio é moralmente admissível (Epa!). O argumento que metralha é que os genes do filho comprometem o sigilo sobre os genes dos pais (Como assim!). A “ousadia” estremece tudo que sustenta juízos sobre família. Uns vão aplicar uma imunização cognitiva e eliminar prontamente. Outros poderão utilizar para compreender melhor a infinitude da condição humana.

Dispenso-me de comentários. Todavia, alegações perturbadoras sobre o exercício da Medicina com poder de causar indignação profissional ocorrem diariamente. É alerta para mentalizar o médico ético usando na beira do leito uma armadura medieval que na contemporaneidade de flechas, espadas e lanças forjadas em aspectos morais, admite a designação de prudência Bioética.

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