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464- Idoso capaz até quanto?

A Bioética contribui para a humanização nos 4 períodos da vida: infância, adolescência, adulto e velhice. Em todos  eles, ela lida com o conceito da capacidade cognitiva para tomar decisões sobre a própria saúde.

Avaliações objetivas se um paciente está ou não capaz podem ser feitas sob critérios desenvolvidos de forma interdisciplinar, sendo que um percentual de situações -que excluem a infância que é naturalmente incapaz- cai numa zona fronteiriça.

Zonas cinzentas abrangem adolescentes qualificados como amadurecidos, adultos que sofrem de certas doenças incapacitantes de repercussão neurológica e idosos que vivenciam a senescência com alguma expressão de demência.

A interface de atuação na beira do leito diz respeito ao binômio autonomia-consentimento. O paciente que é considerado incapaz não tem direito à voz ativa habitualmente associada à cidadania e, assim, carece de um representante que fale por ele como se ele fosse.

Assim sendo, a criança necessita de um responsável legal por tomadas de decisões; o adolescente também, mas o conceito de minoridade incapacitante pode ficar afetado pelo de amadurecimento capacitador, uma emancipação social pelo nível alto de desenvolvimento cognitivo que é visto com certa equivalência ao do adulto; este, por sua vez, é capaz até prova em contrário; já o idoso… ah! o idoso… atrai não poucas diversificações de entendimento da capacidade cognitiva. Em termos práticos,  a criança não sai do útero e o idoso tende a ser a ele reconduzido.

A Medicina unida à Bioética consegue dar razoável desenvoltura ao trânsito pelas nebulosidades naturais ou associadas a perdas patológicas. O problema maior está no idoso cujos circunstantes entendem que ele não tem capacidade valendo-se de critérios subjetivos e nem sempre sinceros.

Desta forma, a Bioética preocupa-se com casos que vão desde ao ageismo até a má-fé. Ageismo  é termo cunhado pelo psiquiatra  Robert Neil Butler (1927–2010) para expressar discriminação com idosos. A má-fé habita muitas estruturas familiares que privilegiam os bens do idoso sobre o seu bem estar.

A Bioética torne-se um fórum eficiente para a discussão sobre o significado de boa vida nas fronteiras da capacidade cognitiva do idoso, aspecto do processo de envelhecimento que admite uma visão calidoscópica e que sustenta desejos, preferências, objetivos e valores do paciente intervenientes no binômio autonomia-consentimento na beira do leito.

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