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457- Bem me quer, mal me quer

 Nas últimas décadas a aceleração do progresso técnico-científico na Medicina e Ciências da Saúde em geral trouxe uma elevação da tensão na beira do leito. O esforço clássico pelo diagnóstico correto foi acrescido pelas labutas centradas nas crescentes oportunidades de terapêutica e de prevenção.
Um dos aspectos de grande interesse  da Bioética da Beira do leito é conciliar as vantagens da tecnologia – que rapidamente migra da condição de inovadora para rotineira- sobre a doença com a justeza moral da sua aplicação na individualidade de um paciente.
É habitual que a inovação traga consigo um potencial de dano que pode ser a ela intrínseca ou de repercussão à parte. Por isso, exige-se outra nova disposição tecnológica e científica para evitar ou controlar. e, assim, caminha o progresso na beira do leito.
Pesquisa-se um diurético mais potente? Já se pode prever que seu benefício sobre a composição hídrica do organismo será acompanhado de algum dano que determinará complementações específicas de conduta. Pesquisa-se uma órtese ou uma prótese para um objetivo inédito em alguma parte do corpo? Certamente, ela exigirá atenção com efeitos da sua presença demandando adendos sobre maleficências previstas.
Em outras palavras, o progresso em Medicina tem seu custo biológico previsto ou não previsto e, habitualmente, de modo conceitual, privilegiam-se os benefícios sobre as circunstâncias clínicas constatados na pesquisa clínica e entendem-se as adversidades como danos colaterais justificados.
Uma vez validada a técnica para uso clínico em Medicina, cabe ao médico enfrentar dilemas gerados pelas relações individuais entre benefício conceitual e malefício pontual. Em tempos de grandes avanços técnico-científicos, a hierarquização da segurança biológica do paciente tornou-se essencial.
Neste contexto, a Bioética da Beira do leito procura apreciar os vários ângulos gerados pela associação entre Razão, Progresso, Ciência e Humanismo.
Entendo que não cabe valer-se da Bioética para impedir pesquisas com objetivos de benefício em função de cogitações de perspectivas negativas a longo prazo da inovação, mas ela deve cumprir papel relevante de acompanhamento de efeitos preocupantes previstos ou não.

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