A Bioética ainda está pouco valorizada no meio médico. Todos profissionais da saúde, contudo, praticam algum pedacinho de Bioética todos os dias na beira do leito, embora não conscientemente. É explicável.
A Bioética não aterrizou no planeta a bordo de uma nave alienígena. Ela chegou pé no chão por uma longa estrada de maturação onde assimilou os passos-a-passos resultantes de endossos e de condenações de práticas da medicina, especialmente do século XX.
A caminhada ganhou visibilidade e velocidade quando atingiu a ponte para o futuro idealizada por Van Rensselaer Potter (1911-2001). Assim, bases da Bioética estão em todos nós por vocação, formação e aprendizado em serviço. Quem a valoriza mais formalmente anima-se a torná-la vista como um bombril – mil e uma utilidades-, pensada como uma 51 – uma boa ideia- e com a expectativa de ela vir a ser o você do efeito Orloff – eu serei você amanhã.
A Bioética da Beira do leito tem um compromisso com alguns fatos históricos do século XX, valorizando o ensinamento que quem não conhece história está condenado a repetir seus piores momentos.
Assim, qualquer atuação da Bioética da Beira do leito precisa ter a memória-alerta sobre horrores que podem ser sintetizados em Tuskegee, no Alabama, onde se impediu que portadores de sífilis recebessem a recém-introduzida penicilina para não prejudicar a pesquisa sobre a história natural da doença.
A Bioética da Beira do leito alinha-se à Bioética principialista na sua contribuição para o cumprimento da ética médica no processo de decisão na beira do leito.
Ela utiliza princípios da Bioética como pedágios. O primeiro pedágio é o princípio da beneficência, que se abre para métodos úteis e eficazes para o caso em questão, assim constituindo a conduta tecnocientífica recomendável.