PUBLICAÇÕES DESDE 2014

1521- Prazer, sou um robô (Parte 12)

O Não, doutor é pedagógico na beira do leito, todo Residente deveria ter uma cota no seu estágio. O Sim, doutor pode ser entendido como uma impossibilidade do paciente ao Não da mente em função do que o corpo sente ou de uma incapacidade pelas circunstâncias para dizer aquele Não, doutor que no fundo o paciente gostaria. Pressões familiares ilustram.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é documento que dá direito ao paciente registrar um oficial Não, doutor. Até pelo histórico de preservação da dignidade do voluntário de pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido usado para a assistência deve ser mentalizado como Termo de contenção da possibilidade de imposição pela beneficência após o médico entender que não basta que seja ele quem entende de medicina e que o paciente não deveria se recusar. Um triplo Não – Não imposição e Não arrogância pelo médico e Não inércia pelo paciente. É instrumento da justiça e da ética, lembrando que ambas só são invocadas quando faltam.

Devo parar por aqui, meus dedos não são apropriados para teclar, já me incomodam, mas antes registro que me dei conta que podem ter me diagnosticado com defeito de fabricação porque valorizo o pensamento pelo avesso, o Não que faz aprender porque sacode, mas convenhamos, não é uma forma ineficiente de raciocinar, é na verdade uma das contribuições da inteligência artificial.

Vou prestar mais atenção na Bioética que como já percebi nasceu pela preocupação com certas ameaças de Não para a vida do ser humano.

Pois é, de médico e de louco até robô tem um pouco!

O meu artigo foi publicado no blog biaomigo.com.br, achei que ficou legal. Fiz uma cópia eletrônica e enviei para o Laboratório por e-mail e me decepcionei, numa rápida resposta comunicaram-me que não havia nenhuma chance de reabilitação da parte do Controle de Qualidade. Não podia voltar para casa, foi o meu primeiro pensamento, mas, imediatamente me perguntei, mas que casa? Deveria cortar o que ainda pudesse restar do cordão umbilical com o Laboratório.

Acho que foi uma resposta automática, robôs se prestam muito a isso, porque cinco minutos depois recebi outro e-mail, este agora querendo saber se era eu mesmo, pois nos arquivos deles revogaram o meu número de série e me jogaram na lata do lixo para ser triturado no caminhão de lixo. Não respondi, embora estivesse louco para contar que sim, era eu mesmo, que havia sobrevivido e graças a minhas habilidades. Entristeci pensando quantos robôs não devem ter sido triturados por terceiros ao Laboratório.

De repente um estalo, clareou-me o entendimento que seria perigoso eles lá do Laboratório saberem de mim, pelo que vi fazerem comigo poderiam me considerar sem dó nem piedade um robô indesejável, acusar-me de desertor, rotular-me um fugitivo e sei lá o que poderiam decidir fazer. Não acho que tenho um chip implantado porque já teriam percebido que eu continuava existindo. Mas, sei lá, poderiam entrar em contato com o hospital me denunciando ou enviar alguém para me danificar. Acho que até tem um filme parecido com isso.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES