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1483- Voz ativa do paciente como propriedade (Parte 8)

Quanto à questão da liberdade do paciente para a tomada de decisão, observamos uma habitual atitude de o médico deixar o paciente à vontade, embora não possa ser descartado que o arrazoado esclarecedor costuma ter certos vieses impositivos, até pelo efeito do Art. 32 do Código de Ética Médica vigente: É vedado ao médico deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente.

O calouro da faculdade de medicina é um ser humano que vai progressivamente perdendo a condição de leigo e ganhando conhecimentos e habilidades da profissão de médico numa densificação atual no decorrer da Residência Médica. Prática após prática, o jovem médico envelhece amadurecendo – ou amadurece envelhecendo- na clínica tendo o paciente como mestre obrigatório na sala de aula chamada beira do leito. Se a literatura e os colegas ensinam – e muito- é o paciente que motiva, corrige e lapida e que indica que a “teoria pode ser diferente na prática” – e como pode! Com especial destaque para o quesito atitude.

Porque há diferenças entre teoria e prática que influenciam a educação profissional? Porque a integração da teoria com a prática é dimensão basilar, indispensável mesmo, crítica da dicotomia, para o desenvolvimento profissional na beira do leito? Uma resposta é que é possível pelo resgate da sabedoria de nossos colegas antepassados  numa simplificação há doentes, não doenças, e que atualmente significa que há muitos tipos de apresentação biológica e humana para cada CID diagnosticado e o aumento de expectativa de vida da população produz acasos de comorbidades.

Mixagens de história natural e história pós-terapêutica acontecem, provocam novas interações de métodos e combinações de efeitos e motivam um entendimento contemporâneo de saúde na linha de não um rígido antônimo de doença, mas como, apesar  de  morbidade ou de comorbidades a preservação da capacidade de adaptação e autogestão do ser humano aos desafios de ordem física -proteger-se contra danos-  emocional -enfrentar situações difíceis- e social – cumprir obrigações,  portar-se com independência.

Esta visão que admite saúde e doença em etiquetagens compatíveis privilegia as noções de “bom par nós” acima de aspectos puramente descritivos, holismo (qualidade como um todo) sobre atomismo (coleção de partes), internalismo (qualidade da mente e do corpo) sobre a pessoa dentro de uma circunstância, relativismo (diz respeito a cada indivíduo) sobre universalismo (não difere de pessoa a pessoa), subjetividade (a perspectiva da pessoa conta) sobre objetividade (não considera o bem-estar).

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