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1475- Non nocere imortal (Parte 26)

A Bioética ambiental numa visão mais ampliada do que a utilizada aqui para a questão farmacêutica da água constitui chance de plataforma para a sustentabilidade da saúde ambiental imprescindível para a persistência do pertencimento do Homo sapiens à Terra. A Bioética da Beira do leito enfatiza que o ecossistema da beira do leito deve ser entendido sem exceções como integrado aos ecossistemas do planeta, pois qualquer desconexão é prejudicial e infringe o Non nocere expandido.

A Bioética da Beira do leito está convencida que uma Bioética ambiental em sua ponte com a medicina – em vez de muros cogitáveis por conflitos de interesse, segundas intenções, considerando que a lei de Gerson não foi revogada- pode contribuir para a crítica sempre atual sobre distorções no uso de medicamentos como  excessos de indicação, inclusive para estilos de vida, uso sem prescrição médica, dependência de drogas e falta de medicina preventiva redutora de futuras prescrições. Melhor semeadura hoje, melhor colheita amanhã.

Em sua contribuição para a saúde pública, a responsabilidade individual do médico perante provocação de conflitos com o todo e não somente com seu paciente – que tem como um de seus pontos de referência a questão da resistência bacteriana a antibióticos- e que tem pseudópodos na direção do Non nocere deve ser expandida. Inclui-se na consciência profissional, no persistente compromisso que sempre que possível o aqui agora deve significar um de fato restrito às necessidades vigentes, evitando-se armadilhas futurológicas do vai quê, por via das dúvidas, seguro morreu de velho, sem problemas, é natural, na área da prescrição de fármacos. A imprudência não deve compor a medicina defensiva.

Dizem que é preferível prevenir do que remediar, mas, nesta questão sobre a contaminação farmacêutica da água, é melhor conter o remediar para prevenir excreções e descartes de medicamentos desnecessários. Não é tarefa fácil, especialmente pela polifarmácia gerada pelo aumento da expectativa de vida e convivência com acúmulo de comorbidades. A Bioética pode cooperar para o equilíbrio, exatamente, pelo caráter transdisciplinar que permite pela coprodução de conhecimentos que imaginações preocupantes possam ser transformadas em esclarecimentos tranquilizadores. Algo do tipo: Para não correr o risco de ser processado, é melhor que eu prescreva…

Esta questão da contaminação farmacêutica da água deve ser, inclusive, tema de aconselhamentos aos pacientes, orientações educativas sob a bandeira que se a água limpa é útil para tomar comprimidos, a retribuição se faz uma questão de gratidão.

A Bioética da Beira do leito reconhece que uma diferenciação em Bioética ambiental tem valor na responsabilidade em relação ao Antropoceno – como se pretende nomear a era geológica atual em que a atividade humana começou a provocar alterações biofísicas em escala planetária e se tornou o principal determinante da mudança ambiental- ao biótico dos ecossistemas num contexto socioecológico.  

Avanços na sustentabilidade ambiental relacionados a práticas da medicina, especialmente as hospitalares, visando a prevenção/redução da etiologia meio ambiente em doenças humanas não deixam de ter uma conotação das ideias de Van Renssalaer Potter (1911-2001), vale dizer uma ponte entre as paredes do hospital e e a natureza atapetada pela parcela de responsabilidade com o ecossistema. O significado de paciente com alta hospitalar e melhora clínica não deve ser razões absolutas para justificar baixas ambientais.  

Por fim, a Bioética da Beira do leito lembra que a medicina veterinária tem também responsabilidades no tema e competência para o desenvolvimento transdisciplinar das discussões sobre a contaminação farmacêutica da água.

Como dito por Carl Gustav Jung (1875-1961) o encontro de pessoas é como o contato de substâncias químicas: se houver alguma reação, elas se transformam. Um catalizador de reação na medicina é o Non nocere que faz Hipócrates se contatar com as sucessivas gerações de médicos e mais, o interesse por ele fortalece-se eterno por renovadas aplicações.  

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