PUBLICAÇÕES DESDE 2014

1461- Non nocere imortal (Parte 12)

Contingências – algo acontecerá ou não, propositado ou despropositado – ligadas ao sentido de pertencimento dos seres humanos na Terra com direitos e deveres, valores e objetivos, desejos e preferências, motivam níveis de relevância para apreciações individuais e coletivas pela mente que não podem ser desligadas de nexos com este quarteto imutável da vida. Só morre quem nasce, só sofre quem vive, a felicidade – pensamento feliz, talvez melhor- é um objetivo sobre o qual a medicina exerce fortes influências em equações nem sempre binárias de doença/infeliz, saúde/feliz.

Práticas na saúde encadeiam consequências de tal ordem que o imprevisível parece inevitável, a parceria inteligência- tecnologia é fonte da premissa que sempre acontece/está para acontecer de diferente e desafiador. Novidades são ao mesmo tempo interessantes para o bem-estar humano e preocupantes sobre valores, requerem atenção responsável, demandam coragem intelectual, coragem social e coragem moral para avanços ou recuos de implantação. A coragem reunida que existe na disposição para o diálogo sobre contraposições é estimulada pela Bioética. A Bioética da Beira do leito recomenda ao médico jamais ter qualquer intenção de virar para baixo o seu anel de formatura como um anel de Giges.

O médico é uma liderança indispensável na organização social. É compreensível, pois trata-se de um agente treinado para tomar decisões complexas e fundamentadas com impacto na qualidade de vida e sobrevida. É uma identificação de classe sobre a qual os resultados acerca da atenção às necessidades de saúde são, entretanto, passíveis de serem avaliados pela população como bem ou como mal, independente das inevitáveis influências de dezenas de outros fatores bióticos e abióticos agregados à medicina.

A presença da Bioética contribui para uma análise crítica independente da opinião individual ou coletiva sobre o exercício da medicina, especialmente porque habituada a se debruçar sobre o potencial de mal, a se esforçara para dar abrangência e profundidade ao que seria um “contra” a fim de desobstruir o caminho do “pró”.  A função “cartográfica interpretativa” pela Bioética coopera para bem posicionar o termo ofensivo tão banalizado hoje em dia, inclusive na beira do leito, vale dizer, evitar conotações de ofensa e promover o acesso à beneficência com desnecessidade da parte ruim da medicina defensiva.

No contexto da liderança na área da saúde como influência interpessoal para alcance de objetivos e comprometimentos realizada por meio de um conceito amplo de emissão e recepção de informação, o índice brasileiro atual é de cerca de 250 médicos para 100 000 habitantes, ou seja, um número pequeno de autorizados – simbolizados pelo porte de um número regional de CRM- toma decisões e exerce atuações sobre um universo bem maior, o que implica em fortes desafios sobre responsabilização profissional em meio a impactos negativos de estrutura e de infraestrutura destituídos da oportunidade para os influenciar diretamente, ou seja, o médico admite status de uma liderança subsidiária.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES