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1459- Non nocere imortal (Parte 10)

A heteronomia do Código de Ética é como os óculos, algo externo que traz acuidade mas não dispensa a autonomia da visão, afinal para que servem os óculos fora do rosto? A combinação “corretiva” valoriza o profissionalismo, restringe ilusões dolorosas e beneficia os efeitos humanos da ciência.

Se o exterior “heteronômico” é importante, quer como artigo do Código de Ética, quer como recomendação de diretriz clínica, o interior “autonômico” do médico ético e cientificamente informado é duplamente importante como matéria-prima na constituição do fio condutor profissional e preservação do narcisismo benigno. O regozijo pelo sucesso profissional, porque não? Ilumina a auto imagem.

Por isso, o médico mais do que se sentir vedado, deve se sentir comprometido com os deveres profissionais, jamais figurar como um boneco de ventríloquo, posto que possui voz (re)interpretativa, inesgotável e nada murmurante, contemporânea sem dispensar a tradição, que faz tanto renúncias quanto substituições em busca do melhor possível com sentido e valor. Mas, como tudo é relativo, tem dois lados e sujeito a críticas, efeitos adversos concomitantes ou subsequentes a benefícios acontecem de maneira multidimensional. Esperado ou inesperado, a consciência do potencial de ocorrer o que não se deseja costuma provocar movimentos pendulares entre menor importância ou maior importância da maleficência, (a)caso a (a)caso, num vaivém orientado pela expressão de beneficência de mesmos métodos.

A Bioética é uma desejável companhia como bússola para um porto seguro nesta movimentação na beira do leito, uma intimidade que facilita valorizar ciência e humanismo. É uma mensageira sobre o equilíbrio instável a que todo o médico está sujeito em meio à ciência e à ética de fazer, refazer, desfazer e não fazer. Pegando carona com Aristóteles (384 aC-324 aC) é fazendo, refazendo, desfazendo e não fazendo que se aprende a fazer, refazer, desfazer e não fazer aquilo que se deve aprender a fazer, refazer, desfazer e não fazer.

O ser humano por nascer sob total dependência precisa se tornar um observador para captar educação. O referencial do observador para a interpretação de adversidades conta muito, faz virar para cá e revirar para lá, aproximar-se da segurança ou distanciar-se dos riscos, pensar e repensar sem ter dó de sobrecarga ao cérebro. Um deles que sempre desfrutou de credibilidade social é o olhar de médico comprometido com moral/ética/legal. Um olhar acostumado com o bem e com o mal que não é cogitável de apresentar miopia cognitiva.

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