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1401- Dominação, Bioética e passageiro do ônibus de Clapham (Parte 2)

O médico sempre correu atrás, considerou verdades num determinado campo do saber e em determinado momento histórico, organizou uma ideologia peculiar, especializou-se, cercou-se de colaboração, criou nexos econômicos e políticos que facilitaram expansão e internalização na sociedade em nível individual e coletivo e persiste digno merecedor da designação por doutor, um inquieto ser humano sob um continuado de que modo alcanço isso? e cada vez mais afeito a uma visão tecnológica para ser/estar/ficar “bom para”. Bom para distintas funções como prescrever um tratamento, atestar óbito, justificar faltas trabalhistas, avaliar insanidade em crimes, avaliar dispensa do serviço militar, subsidiar aborto terapêutico.

Na corrida, nos primórdios do século XVIII, a doença era coincidente com os sintomas, ou seja,  dor de cabeça era o diagnóstico. Na sequência, houve a adição do sinal por meio do exame clínico e daí desenvolveu-se correlação clínico-patológica valorizando o corpo na atenção médica e estimulando técnicas de observação como percussão, palpação e ausculta.

Ademais, a identificação da doença inicialmente transferiu-se para um exercício clínico num espaço dito hospitalar, onde poder-se-ia contar com complementos investigativos. Já no século XX, o desenvolvimento da medicina incluiu a problematização da normalidade e surgimento da medicina preventiva, novas formas de integrar sintoma, sinal e doença e a conscientização sobre etiopatogenia externa ao corpo.

Pelos propósitos, o médico acelerou recentemente, especialmente no pós segunda guerra mundial, perseguindo com desenvoltura e agilidade a visão utópica – conciliando o verdadeiro (dogmatismo) com o bem por vir (profetismo) – de uma medicina essencialmente beneficente/não maleficente inserida numa contextura absolutamente ética, humana, preventiva e personalizada.

Em paralelo, meios de comunicação, especialmente via internet – rede de relações de poder possibilitando novas oportunidades de conhecer doenças-, desenvolveram-se e facilitaram a inserção de paradigmas teóricos da visão médica fatores na constituição plural do dia-a-dia da subjetividade da sociedade contemporânea. Inclui estímulos para o cuidado na comunidade passar a cuidado pela comunidade, apoio voluntário de familiar, vizinho, amigo sob orientação.

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