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1398- Afável paternalismo médico, rigorosa tolerância e sensível acolhimento ao paciente (Parte 9)

O jovem médico em tempos de medicina baseada em evidências molda a conduta sob influência das classes de recomendação e níveis de evidência constantes nas diretrizes clínicas. Efeitos desta organização mental têm o potencial de provocar dificuldade em reconhecer que não é porque o paciente procurou atendimento médico significa disposição para todo e qualquer tipo de conduta resolutiva com fundamento científico, timing da aplicação e conformismo com clinicamente justificadas mudanças de vida decorrentes.

Pacientes, tradicionalmente, adquirem conhecimentos confiáveis sobre suas doenças pelo diálogo com seus médicos em ambientes de atenção à saúde, e, mais recentemente, em ambiente doméstico, sem diálogo e com níveis distintos de confiabilidade graças à ciência da computação.

Composição e estilo da linguagem habitual no ecossistema da beira do leito variam nas conexões médico-paciente, não somente pelas pessoalidades, como também pelos contextos diagnósticos, terapêuticos, preventivos e prognósticos. É essencial que haja da parte do médico uma vontade – e treinamento- de adaptação da linguagem de livro de medicina para o ouvinte leigo, clareza para o hermético, bem como a determinação de obter adequada matéria-prima pela seleção das palavras para bem construir uma harmonia entre verbalização, vocalização e expressão corporal, a fim de possibilitar compreensão para sustentar pensamentos e interações pelo paciente.

Uma lição para o resto da vida foi a observação do familiar atento enquanto explicava a situação do paciente com algumas comorbidades internado para retroca valvar e que me fez uma momentânea estátua: Doutor, prestei bastante atenção, suas palavras foram de otimismo, a entonação nem tanto, mas a cara transmitiu pessimismo… O que devemos considerar como verdade? Não desejo ficar iludido. Desarmonias entre simbolismos pelo verbal e pelo visual, especialmente dissociações entre vitrine facial e palavras enquadradas, então, tão somente em retórica, fazem com que cada ouvinte se projete no componente, decodifique na maneira mais alinhada com seus afetos de momento, algo como o viés de confirmação.

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