Na abordagem de conflitos em que há foco maior no princípio da autonomia, é colaboração útil os membros do Comitê de Bioética valerem-se de ideações heteronômicas como estratégia para obter sugestões de contrapartidas para preservação da autonomia. É benefício por meio da transdisciplinaridade, por exemplo, advogados entendem sobre o Poder Judiciário.
Cuidando para a análise sob o maior número de ângulos possíveis, o Comitê de Bioética favorece a aplicação da prudência para sustentar tomadas decisão no ecossistema da beira do leito, haja vista que lidar com esta virtude é imprescindível quando combinam-se incertezas, riscos, acasos e desconhecidos, quarteto balizador em avaliações de prós e contras de intenções e comportamentos. Além disso, a aplicação da prudência é vantajosa para a moral aplicada, como a representada pela ética da responsabilidade segundo a qual devemos responder não apenas por nossas intenções ou nossos princípios, mas também pelas consequências de nossos atos, tanto quanto possamos prevê-las.
Em suma, a Bioética munida da ferramenta da prudência/ética da responsabilidade acentua sua utilidade quando fica ciente ab initio de um foco de conflito, até mesmo quando ele reside na transgressão a normas institucionais, pelo fato de se constituir em ainda pretensão de um ato de passar além do que se entende institucionalmente possível e que tende a tornar-se incessante pela intenção de libertação do que é sentido como aprisionador. Conta muito para a Bioética o potencial de transbordamento para a conexão médico-paciente e decorrentes dificuldades para a condução clínica.
A vivência na Bioética qualifica um “olhar de relance” sobre o panorama ético/moral/legal de momento que capta relevâncias e um “olho clínico” que interpreta calmaria versus tormenta. Ambos se fazem presentes em providências antecipatórias/preventivas/reativas, sem nenhuma pretensão à “visão de profeta”.
Immanuel Kant (1724-1804) nos ensinou que ciência é conhecimento organizado e sabedoria é vida organizada. Após dois séculos, é pensamento aplicável ao ecossistema da beira do leito. Indo mais longe, encontramos a sabedoria da mitologia grega que indica que depois que a caixa de Pandora é aberta e os males se difundem, só resta a esperança.
Assim, ao primeiro sinal de vazamento de encrencas de natureza ética/moral no ecossistema da beira do leito, vale muito uma organização institucional que viabilize um Alô Bioética! Muito melhor do que um parecer tardio é um aparecer precoce!