PUBLICAÇÕES DESDE 2014

1381- O gosto salgado do não consentimento (Parte 5)

Uma utilização pedagógica na beira do leito é a metáfora do sal como apoio para o treinamento de atitudes/comportamentos do jovem médico e que cai muito bem no contexto do não consentimento pelo paciente capaz às recomendações médicas, fato sempre relevante embora não frequente.

O sal (cloreto de sódio) figura no papel de representante dos métodos em medicina e a água como o paciente, corpo e mente. É expediente válido para dar alcance à infinitude de reações a reboque da diversidade da condição humana frente ao alto potencial de adversidades biológicas e de cunho mental, e que tem o efeito bula como expressão clássica.

Bioamigo, é notório que o sal de cozinha dissolve-se na água, fenômeno que dá-se por uma disposição recíproca que se materializa naturalmente com a justaposição de ambos. O sal dispõe-se a se dissolver e a água dispõe-se a realizar a dissolução. Parece simples, mas… Temos o hábito de pensar em água no estado líquido, fica, habitualmente, em segundo plano na mente que gelo e vapor d´água também são água.

Surge a questão do estado físico, o que direciona para uma analogia com o “estado do paciente”. Na recomendação teórica do método, metaforicamente quanto à reciprocidade, o sal não precisa ser explicitado como granuloso, mas o paciente necessita da correspondência ao líquido da água como alguém afirmando consentimento.

Crédito: https://escolakids.uol.com.br/ciencias/estados-fisicos-da-agua-ensino-fundamental-i.htm

Em função de circunstâncias, num  determinado momento e condição, um paciente pode sentir-se gelo ou vapor à recomendação, não se dispor à reciprocidade que subentende o estado “líquido” nas diretrizes clínicas. Ademais, uma saturação – também plena de analogias com o paciente – pode impactar sobre a disposição recíproca da água mesmo líquida. Recorde-se, ainda, que o coeficiente de solubilidade – a quantidade máxima de soluto que pode ser dissolvida em determinada quantidade de solvente- é sensível à temperatura, outra fonte de analogia.

Como dito por Bertrand Arthur William Russell (1872-1970): Quando não há uma certeza, deve-se admitir que algumas coisas são mais certas do que outras. A Bioética da Beira do leito ajusta para a beira do leito como: Quando não há a certeza sobre a realização no paciente da utilidade do método como útil (biológico ou mental), o médico deve admitir que outras coisas além do científico podem ser cogitadas como passíveis de admissibilidade como certas.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES